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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 22 de setembro de 2024
 

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Mensagem: A seca, 31 anos depois

Waldyr Senna Batista



Na fase contemporânea, a seca mais rigorosa de que se tem notícia no Norte de Minas foi a de 1976. Os jornais da época registraram mortandade de 20 mil reses e intensa mobilização de entidades representativas do setor rural e de autoridades estaduais e federais para assistência às populações flageladas.

Vivia-se, então, o auge da Sudene, que centralizou as providências adotadas com o objetivo de minimizar os efeitos da estiagem. Foi grande a presença de ministros e secretários estaduais, que aqui se reuniam e anunciavam medidas de efeito imediato, como a formação de frentes de trabalho, desaconselhadas logo após porque funcionavam mais como incentivo à ociosidade; de curto prazo, como a abertura de financiamentos bancários para recuperação das áreas conflagradas, via empréstimos para renovação de pastagens e para retenção de vacas e bezerros; e a longo prazo, como a construção da barragem Bico da pedra, cujo projeto estava pronto, elaborado pelo Dnocs havia dezenas de anos e cuja execução foi autorizada pelo Ministério do interior em reunião realizada no Automóvel Clube de Montes Claros.

A seca deste ano já é considerada pior do que a de 1976, e tudo indica que vai se agravar mais. Os cálculos preliminares indicam perdas superiores a 100 mil reses, até agora. As pastagens foram dizimadas e a água acumulada em tanques e barragens está em vias de se esgotar. O rebanho, bem mais numeroso do que o de 31 anos atrás (próximo de 2 milhões de cabeças), vem sendo mantido a duras penas, com uso de complementos alimentares, cujos estoques estão próximos do fim. Cana e forrageiras já acabaram. A água vem sendo garantida, basicamente, por poços tubulares, cuja vazão tem se reduzido, perigosamente.

Em 1976, as primeiras chuvas ocorreram no dia 18 de dezembro. Esse dado causa arrepios aos produtores rurais da região, porque, se o fato se repetir agora, ocasionará o virtual extermínio da maior parte do rebanho. Basta dizer que um dos maiores pecuaristas da região, cuja atividade obedece à melhor tecnologia e cujas fazendas são servidas por importantes mananciais, além de dezenas de tanques e de poços tubulares, já perdeu mais de 400 reses. Milhares de outros amargam prejuízos de iguais proporções.

A grande diferença entre a seca de 1976 e a deste ano está na tímida atuação das autoridades do setor, federais e estaduais. Até agora, de concreto, o que se viu foi a utilização de carros-pipa no socorro às populações flageladas. Mas, quanto à infra-estrutura da atividade rural, que é básica na economia regional, pouco se fez. O governador Aécio Neves ainda não se manifestou.

Há informações de que entidades de classe dispararam manifestos aos ministros da Agricultura e da Coordenação regional chamando a atenção para a gravidade da situação. Na Câmara dos deputados, consta que a bancada de parlamentares votados na região vão apresentar emenda ao orçamento de 2008 destinando 30 milhões para reforçar a ação do Dnocs, o que não significa liberação de dinheiro. E só agora aventa-se a realização de reunião, com a presença de ministros e secretários para debater a situação de calamidade.

Na grande estiagem de três décadas atrás, o desespero fez com que os dirigentes de entidades de classe ousassem mais, lançando mão até de métodos para provocar chuvas artificiais. Trouxeram avião da Funceme ( uma fundação do estado do Ceará) para pulverizar nuvens com cloreto de sódio ( sal de cozinha ), sem resultado; e contrataram depois os serviços do cientista Janot Pacheco que, na primeira metade do século passado, ganhou notoriedade nacional por ter inventado método para provocar chuvas.
Ele veio, acendeu imensas fogueiras em pontos estratégicos da região, mas também essa “pajelança” não produziu efeito.

É óbvio que ninguém vai fazer chover. Mas é preciso que haja maior empenho junto aos setores governamentais a fim de que se amenizem os prejuízos provocados por essa calamidade. A seca de 1976 levou ao aprimoramento da infra-estrutura representada por poços tubulares, tanques e barragens, que se multiplicaram, sem o que o problema de agora estaria sendo muito mais difícil de suportar. A concretização da barragem de Bico da pedra, sob esse aspecto, constituiu importante evolução

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