Receba as notícias do montesclaros.com pelo WhatsApp
montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 22 de setembro de 2024
 

Este espaço é para você aprimorar a notícia, completando-a.

Clique aqui para exibir os comentários


 

Os dados aqui preenchidos serão exibidos.
Todos os campos são obrigatórios

Mensagem: Rotary, Lula e a seca

Waldyr Senna Batista

Embora com atraso considerável, a natureza está cumprindo seu papel. Chove no Norte de Minas, uma chuvinha preguiçosa, mas que não pode ser subestimada. Benza-a Deus ! Cabe agora aos pró-homens realizar o inventário dos prejuízos provocados pela estiagem e tocar a vida sem se ligar muito às promessas advindas dos altos escalões do governo.
De certo, o que se tem é que outras secas virão, cabendo aos proprietários rurais prepararem-se para os embates futuros. No de agora, os danos não foram mais desastrosos exatamente porque, nas últimas décadas em que praticamente não houve estiagem, implantou-se na região razoável infra-estrutura de convivência com esse drama. Poços tubulares, tanques, barragens, disseminação de forrageiras, uso adequado de insumos, maquinário e assistência técnica, entre outros itens, compuseram o aparato de defesa.
Em tempos não tão distantes, as estiagens no Nordeste transformavam Montes Claros em rota de retirantes, que vinham de trem ou em paus-de-arara a caminho de São Paulo. O leitor Barbosa Campos, em mensagem eletrônica a propósito do artigo da semana passada, lembra o cortejo de pessoas com panos brancos protegendo a cabeça, que se amontoavam na estação ferroviária local à espera de “passes” para seguir viagem.
Um desses retirantes, diz o leitor, em 1956 ou 1957, era uma moça chamada Lourdes, oriunda de Morro Agudo, localidade próxima ao distrito de Miralta, que, na cidade paulista de Santo André, iria conhecer outro flagelado, da seca de Pernambuco, com quem se casou, vindo a falecer em razão de complicações no primeiro parto. Seu marido, pai da criança, chamava-se Luiz Inácio, apelidado de Lula, o torneiro mecânico que se tornaria presidente da República.
Desde então muita coisa mudou no país, graças ao que as secas já não produzem aquelas levas de retirantes, até porque as populações rurais migraram em definitivo para as cidades, representando agora menos de 20% contra mais de 80% nas áreas urbanas. Montes Claros é exemplo desse êxodo, simbolizado na multiplicação de favelas. No entanto, os danos materiais continuam e alcançam proporções gigantescas, à espera de investimentos dos governos e de financiamentos bancários, sem o que as atividades rurais se inviabilizarão.
Mas há situações em que cabe também a contribuição da comunidade, com a execução de projetos relativamente simples, e de grande serventia, capazes de facilitar a convivência com a seca dos remanescentes da população rural. O Rotary Clube de Montes Claros-Norte acaba de demonstrar que isso é possível.
Com recursos que lhe mandaram três clubes que funcionam na cidade de Napoli ( Itália ), os rotarianos montes-clarenses construíram 110 cisternas, com capacidade de 20 mil litros cada uma, para captação de águas de chuva. Elas estão implantadas em pequenas propriedades dos vizinhos municípios de Glaucilândia e Guaraciama, e custaram, no total, cerca de R$ 180 mil. Na construção foi utilizada a técnica milenar de argamassa armada, de baixo custo e segurança garantida. O princípio é o de não deixar que a água que cai do céu se perca totalmente, sendo parte dela guardada para suprir o abastecimento para uso doméstico, evitando dificuldades quando do período seco. Além disso, o empreendimento promove integração, pois as ações são desenvolvidas comunitariamente, e difundem o aprendizado da técnica, que pode ser utilizada em inúmeras outras construções. Os rotarianos da Itália vão mandar mais dólares para a ampliação do programa, que usa recursos da Fundação Rotária.
Tem-se anunciado, ultimamente, que o governo federal estaria planejando a implantação de 40 mil cisternas desse tipo na região do Nordeste, o Norte de Minas incluído. Mas, ao que parece, o projeto permanece apenas na intenção. O Rotary-Norte saiu na frente, com 110 cisternas, que estão armazenando água que será utilizada ao longo da estiagem (que se espera não ocorra em 2008).

Preencha os campos abaixo
Seu nome:
E-mail:
Cidade/UF: /
Comentário:

Trocar letras
Digite as letras que aparecem na imagem acima