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Mensagem: Tremores de terra em MinasManoel Hygino (jornal ´Hoje em Dia´) O que comumente não se sabe: caraíba tem também a acepção de “coisa sobrenatural”. A observação emerge após o tremor de terra na localidade de Caraíbas, no Norte de Minas, município de Itacarambi, uma região que me parecia muito distante em minha infância. Hoje, é próxima.Mas também perto está a repercussão. De uma hora para outra, o lugar invadiu com seu nome as manchetes dos jornais brasileiros e chegou às emissões das grandes redes internacionais de televisão. Notícia ruim corre rapidamente.Antigamente, mas não tão antigamente como se suporia, os tremores de terra se davam em Bom Sucesso, a amável cidade do Oeste mineiro, berço da poderosa família Guimarães. Era quase um privilégio no Estado: cismos, embora pequenos, eram naquela cidade, uma das poucas de menor porte que tinha também bondes.Bom Sucesso perdeu um tanto de seu prestígio: ficou sem tremor de terra e sem bonde. Pelos dois motivos, principalmente pelo primeiro, era motivo de chacota e de brincadeira nas rivalidades municipais. Outro capítulo transferido ao baú do esquecimento.O tremor de terra que abalou Caraíbas, porém, aos 15 minutos da madrugada de domingo, dia 9 de novembro de 2007, se situou muito acima dos pequenos abalos de Bom Sucesso, sempre identificados pelos geólogos como acomodações da crosta terrestre.Caraíbas, numa região de muitas grutas - fala-se em 140 cavernas, além de solo instável em vários locais, deixou Itacarambi e municípios em clima de expectativa e de inquietação. Principalmente depois que o professor Lucas Vieira Barros, chefe do observatório Sismológico da Universidade de Brasília, declarou que, após um abalo como o daquele domingo, outros costumam acontecer. Só não sabe se seriam menores ou maiores. O que não produz tranqüilidade em quem quer que seja.Os tremores de Caraíbas vieram muito depois dos de Bom Sucesso, mas as conseqüências foram evidentemente muito piores: uma criança de 5 anos morta sob os escombros. Houve feridos na família e outros no lugarejo, socorridos em Itacarambi, a cujo prefeito os moradores comunicavam a preocupação com a sucessão de registros sísmicos. As frágeis habitações ruíram, e agora se cuida de mudar os moradores para um lugar que ofereça segurança. Em casinhas, construídas especificamente para esse fim... certamente a toque de caixa, até porque a chuva de 2007 praticamente não chegara e 2008 já bate à porta.No entanto, o professor Allaoda Saadi, do Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais, não deixa soltas as idéias. Conforme o repórter Jáder Rezende, aqui mesmo, registrou há poucos dias, as regiões com maiores possibilidades de terremotos em Minas Gerais se estendem de Bom Sucesso , no Centro-Oeste e o Circuito das Águas como as mais vulneráveis.Localizaram-se 70 falhas geológicas mestras, de onde procedem os abalos sísmicos, sem contar as falhas secundárias. O estudo é integrante do Programa Internacional da Litosfera que, via força-tarefa, mapeia as estruturas tectônicas em atividade no planeta, em busca de previsões de catástrofes naturais.O professor explica:“O Mapa de Falhas revela provas ou fortes probabilidades de produzir terremotos, por terem apresentado, em minha pesquisa, indícios de movimentação recente na escala de tempo geológico. Identificamos as falhas mestras, mas ainda há muitas outras pequenas fissuras”.Para Saadi, não causam estranheza as ocorrências mais recentes em Caraíbas. Por ali, em 1993, houve um outro terremoto, que atingiu a área entre Manga e Encruzilhada, esta na Bahia. Poucos dias antes do tremor de Caraíbas, um geomorfólogo francês assistiu, bem de perto, um abalo de 3,5 graus na escala Richter.No Brasil, os estudos não devem passar de cinco décadas. Na França, por exemplo, há registros de 2 mil anos.
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