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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 26 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Saudosas Festas da Matriz<br> <br> Ruth Tupinambá Graça<br><br>Durante o mês de maio era uma festa constante. Toda a população freqüentava as novenas e as coroações de Nossa Senhora eram animadas.<br>A praça da matriz (hoje Dr. Chaves), foi sempre a minha predileta. Ela me traz belas recordações da minha infância, adolescência e juventude. Jamais me esquecerei das “retretas”, aos domingo a noite, quando a banda Euterpe Montes-Clarense {infelizmente extinta} enchia o ar com o som melodioso dos seus reluzentes instrumentos, com os dobrados valsas, enquanto brincávamos alegres correndo em volta do Coreto. Foi nesta praça que eu morei a muitos anos e cresci vendo todas as comemorações religiosas na Matriz de Nossa Senhora e São José.<br>Is anjos com seus vestidos de cetim, cheio de estrelinhas, e as azas de pena de garça e seus cantos inocentes eram os símbolos do amor a nossa Senhora.<br>Terminada a coroação todos os anjos convidados esperavam ansiosos os “cartuchos” (cheios de doces e balas) que os pais lhe ofereciam.<br>Do lado de fora o leilão já esperava os fieis. As enormes touceiras de cana, encostadas á porta da igreja, balançavam suas folhas como bandeiras desfraldadas, convidando a população.<br>Uma enorme mesa cheia de doces, biscoitos, frutas numa grande variedade, colocados em bandejas enfeitadas com papel crepom bem colorido. A celebre “ceia” , onde o lustroso peito de peru e o cheiro do tutu com lingüiça , bem temperados aguçavam o apetite de toda aquela gente que, em volta da mesa, davam os lances aos leilões, enquanto o leiloeiro calmamente fazia graças e pechinchavam cada vez mais, visando maior renda para a igreja.<br>Muitas vezes rapazes arrematavam bandejas de frutas ou balas e jogavam para a meninada que, de olhos compridos, “fuzilavam” tais guloseimas.<br>Como era divertida aquela disputa!<br>Tudo era alegria e festa naquelas novenas do mês de maio.<br>Para os namorados então, era a oportunidade para ver a amada e no escurinho da praça de mãos se cruzavam, se apertavam, enquanto os lábios passavam levemente pelas faces da namorada que se sentia feliz mas se afastava, evitando os olhares indiscretos.<br>Naquele tempo tudo era um escândalo. Tinha que ser muito discreto, se não coitada da moça, por um simples beijo caia na “rua da amargura”, tachada de leviana.<br>No mês de março vinha a semana santa, Era a grande festa religiosa, a quaresma com sua “via-sacra”, cerimônias e as representações do sacrifício de Jesus, que muitas vezes, tiravam lagrimas dos olhos dos fiéis. As procissões do encontro e do enterro eram acompanhadas com muita seriedade, amor e fé cristã.<br>Eu ia com minha mãe,a noite, segurando uma pequenina vela que pingava uma cera quente nos meus sapatos, ouvindo o som horrível das “matracas” e a musica fúnebre,enquanto minha mãe rezava o terço e olhava piedosamente para Nossa Senhora das Dores, com uma lança trespassada em seu coração, acompanhando seu filho crucificado e morto.<br>Mais tarde (a meia noite) era a visita do Senhor Morto, para beijar seus pés e colocar esmola.<br>Muitas vezes acompanhei minha mãe (que saudade) e ela me recomendava: “beija os pés de Jesus com respeito, nada de risos”.<br>Eu colocava a medinha que trazia apertada na mão. Como eu me emocionava! Naquele momento eu achava que tudo era verdadeiro que Jesus sofria com aquelas chagas abertas e os enormes cravos nos pés.<br>No dia seguinte era tudo alegria. Na praça estava o Judas enforcado para se espancado, condenado pelo crime de traição.<br>Após a leitura do testamento do Judas todos os presentes com cavos de vassoura espancavam o Judas, enquanto outros botavam fogo no réu.A criançada vibrava participando daquela vingança.<br>No dia seguinte, Domingo de Ramos, os católicos enchiam a Matriz e o Padre falava com entusiasmo, os fiéis cantavam: Aleluia, Aleluia! Cristo ressuscitou! E os ramos verdes balançavam nas mãos daqueles católicos! Chegando em casa a mamãe me dizia: “Coloca os ramos no oratório, na sala”, onde uma imagem de Nossa Senhora, São José e um crucifixo de madeira eram testemunhas do nosso amor e nossa fé.

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