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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 21 de setembro de 2024
 

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Mensagem: No mesmo momento em que a sociedade civil de Montes Claros busca se organizar para equacionar os meios de combate à criminalidade, à violência que preocupada a todos, leio na Revista de Estudos Avançados da USP (São Paulo), nº 61, um conjunto de artigos, um dossiê sobre o Crime Organizado, da lavra de Sérgio Adorno, Fernando Salla, Alba Zaluar, Guaracy Minnardi, Marco Antônio Tavares Coelho (autor de livros sobre o rio São Francisco e o Rio das Velhas), Luiz Eduardo Soares, Flávio Oliveira Lucas, Michel Misse, Jacqueline de Oliveira Muniz, Domício Proença Júnior, Vera da Silva Teles, Daniel V. Hirata, Francisco Alexandre de Paiva Forte e Paulo Roberto Ramos, cada um enfocando um aspecto específico da presença do crime organizado, suas origens, suas conseqüências sociais, a legitimidade da política de repressão, enfim, a segurança pública.
Sempre recebo as revistas publicadas quadrimestralmente pelo Instituto de Estudos Avançados da USP, que me são remetidas regularmente pelo seu diretor executivo o professor Marco Antônio Tavares Coelho.
Sabemos que, infelizmente, o Brasil é um dos países mais violentos do mundo. O município de Montes Claros, para não fugir da regra, tem registrado mais homicídios por mês que Portugal em um ano.
As causas de tanta violência são as mais diversas possíveis. A primeira e mais presente é a carência de respeito à autoridade, visto que a própria autoridade constituída tornou-se indigna de reverência em presença da corrupção oficializada.
Observa Sérgio Adorno que a partir de 1970, na esteira das mudanças neoliberais, tem ocorrido o fenômeno da globalização que está diluindo as noções de nacionalidade e desenvolvendo, nas nações em desenvolvimento, “com abertura de espaço para atividades ilegais ao tornar a propriedade do capital anônima, com circulação monetária livre e apta para os financiamentos de operações como o tráfico de drogas, de pessoas e de órgãos humanos, contrabando de armas, fraudes fiscais e financeiras, pirataria de mercadorias e de serviços, falsificação de medicamentos, entre tantas outras modalidades”.
Analisando a questão sob o prisma do sistema democrático brasileiro, Alba Zuluar examina minuciosamente o assunto ponderando que o processo de redemocratização, iniciado a partir de 1978, veio acompanhado por uma crescente taxa de crescimento da criminalidade em uma “nação que foi construída pelos ideais da cordialidade e da conciliação e que mudou recentemente essas idéias depois da crítica de intelectuais importantes sobre a ausência de cidadania nelas”. O retorno à democracia, o término do regime militar, veio acompanhado de “mecanismo de vingança pessoal e de impulsos agressivos incontroláveis”. Adverte ele que um dos principais problemas de hoje é a incapacidade governamental de controlar o uso de drogas ilegais, cuja circulação se opera por toda parte “com uma logística que impressiona pela sua eficácia”. Pondera em seu artigo que os setores mais dinâmicos praticam ilegalidades como o “caixa dois” das empresas, “fonte para pagar as eleições dos candidatos que irão conceder às empresas envolvidas privilégios”, tornando o país uma democracia eleitoral.
Por sua vez Guaracy Mingardi atenta para o problema esclarecendo que o grande erro dos procedimentos de repressão ao crime organizado está na expressão “guerra”. Esclarece que “quando o Estado combate uma guerra, existe um inimigo identificável, com liderança clara”. As organizações criminais possuem lideranças fluidas e “estão de tal forma relacionadas com o aparelho do Estado que se torna difícil mirar uma sem acerta outra”.
Numa linha diferenciada de análise, Marco Antônio Tavares Coelho analisa atentamente o tema criminalidade enfocando o depoimento de Marcola, apontado como o chefe do Primeiro Comando da Capital (PCC), em São Paulo, que segundo ele simplifica tudo ao afirmar: vim da miséria. A miséria e a violência andam juntas. Marcola afirmou que não acredita em Deus. Viveu algum tempo no Paraguai e se tornou um autodidata, um homem culto. Lê, entre outros, Nietzsche, Vitor Hugo, Santo Agostinho, Voltaire e até a Bíblia. Criou regras de convívio nos presídios.
Luiz Eduardo Soares, por seu turno, analisa a política nacional de segurança pública. Flávio Oliveira enfoca o Poder Judiciário e as organizações criminais, enquanto Michel Misse vê as redes de proteção e a organização do crime organizado.
Enquanto a sociedade civil está desarmada, o bandido está cada vez mais dotado de armamento bélico. A podridão está em toda parte.

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