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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 20 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Ainda a transposição

A convite do prof. Luiz Giovani Santa Rosa estive ontem na Casa do Rotariano, em Montes Claros, onde proferir palestra sobre a transposição das águas do rio São Francisco, ou melhor, sobre o Programa de desenvolvimento sustentável do semi-árido, projetado para atendimento às vitais necessidades dos nordestinos.
Recebi, hoje, do acadêmico Manoel Hygino dos Santos, do HOJE em Dia, um e-mail pedindo-me os tópicos principais da palestra.
Existem aqueles que são a favor e os que são contra o projeto de transposição das águas do rio São Francisco, já em fase inicial de execução. Os que são a favor do projeto, não devem ter gostado. Os que são contra, aplaudiram. Essa dicotomia entre o bem e o mal, o sim e o não, Deus e o Demônio, existe deste os tempos de Adão e Eva.
Em princípio poderíamos dizer que nós mineiros nada teríamos a ganhar ou a perder com a transposição, posto que as águas do rio já terão cumprido o seu papel em Minas. Todavia, procurei enfocar o fato de ser Minas Gerais o Estado fornecedor de setenta e cinco por cento das águas, que descem para a calha do rio e, no entanto, há menos de um quilômetro do rio, nas duas margens, o norte-mineiro passa fome e tem sede, tanto que, todos os anos os Municípios decretam situação de emergência ou estado de calamidade pública, por falta de água, e nenhum projeto é conhecido com vista a minorar esta situação.
Nós fornecemos as águas que descem, sem serem aproveitadas no seu nascedouro pelos mineiros, por carência de ação administrativa responsável. Não só os nordestinos têm necessidade de água no período das secas, também o norte-mineiro carece do precioso líquido.
O rio São Francisco corta terras de cinco Estados, todavia, com exceção da região do Alto-médio São Francisco (acima de Pirapora), as populações ribeirinhas, drenadas pelo rio, vivem em estado de pobreza quase absoluta.
Embora tenham sido apresentados projetos com vistas à revitalização do rio São Francisco, em Minas Gerais, são em verdade micro-projetos, sem a força convincente de uma ação séria nesse sentido. Minas Gerais precisa de um macro-projeto de revitalização, de uma ação positiva, não só com vistas à despoluição de nossos rios, mas principalmente com a revitalização de todos os afluentes do ex-grande Rio. Revitalizar é fazer renascer, dar nova vida.
Mesmo em si considerando que nada temos a ver com a transposição das águas do rio, depois que elas deixam o território de nosso Estado, como brasileiros temos o direito de analisar, também, os lados positivos e negativos do Projeto de transposição, embora não se saiba, com efetividade, qual o Projeto que está sendo executado, já que o original foi alterado várias vezes, não se tendo conhecimento do que está efetivamente sendo implantado. O Projeto apresentado nas audiências públicas foi modificado.
Sabe-se que a energia gasta com o processo de bombeamento da água, para abastecimento dos dois canais, somada à energia que deixará de ser produzida pelo complexo de Paulo Afonso, comprometerá a energia gerada pela Usina de Sobradinho.
Não se levou em conta, com objetividade, a questão da evaporação, sem considerarmos o fato da evaporação no curso do rio até Sobradinho. Somente no lago da Represa de Sobradinho, a evaporação corresponde ao volume de água lançado no rio São Francisco pelo rio Corrente.
A infiltração, como outro fator importante, absorverá grande quantidade da água bombeada. Os terrenos das áreas de caatinga são de natureza sedimentar, com alta capacidade de infiltração.
É fato notório, e disto todo mundo tem conhecimento, que a água é o maior fator de atração humana. Numa região semi-árida, vai ser impossível o controle do deslocamento das populações vizinhas para as margens dos canais. Isto provocará o esgotamento da água antes de chegar ao seu destino.
Por outro lado, o prazo previsto para a execução das obras é de vinte anos, a um custo inicial estimado em sete bilhões de reais. Historicamente, no Brasil, nenhum governo conclui obra por outro iniciada, ainda mais sendo polêmica como é o caso da transposição.
Está nascendo, no Nordeste, uma nova Transamazônica, de uma nova Perimetral Norte, uma nova Ferrovia do Aço.

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