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Mensagem: GODOFREDO GUEDES Godofredo Guedes, em várias décadas, foi o artista mais completo de Montes Claros: na pintura e no desenho publicitário. Na pintura, com figuras humanas fictícias e reais, paisagens urbanas e campestres, marinhas; no desenho publicitário, em portas, carrocerias de caminhões e paredes de estabelecimentos comerciais. Sua maior produção era a de letreiros em muros, placas, faixas e cartazes.Um bom exemplo de qualidade. Tudo que Godofredo fez foi com a busca de um acabamento perfeito, principalmente nas cores, que ele não admitia não fossem reais. Enquanto não achava a cor exata de cada detalhe, não descansava. Vi-o muitas vezes gastando horas preciosas na busca de uma tonalidade, seja nas cores primárias ou nas secundárias. Ele produzia as suas próprias tintas, com exceção do verde. Seus azuis eram realmente maravilhosos, principalmente o celeste e o turquesa.Creio que foi a pintura e o desenho o foco real de toda a sua vida. O estúdio ao lado de sua casa de morada, na Rua Rui Barbosa, tinha um vendaval de tintas que iam do chão ao teto. Praticamente todo o seu tempo era empregado na produção de telas e molduras para os quadros, assim como dos suportes para a confecção das placas.A música – composição e execução – era mais uma forma de diletantismo a que o intelectual Godofredo Guedes se via ligado nos momentos de ócio. Foi músico profissional somente nos tempos de juventude, no Clube Minas Gerais, famoso cassino que ficava na esquina das ruas Carlos Gomes com Visconde de Ouro Preto, no centro de Montes Claros. Muitas das músicas cantadas pelo filho Beto Guedes eram composições antigas, acredito criadas ainda quando morava na Bahia.Meu convívio com Godofredo foi a partir de 1974, quando de meu início na pintura. Era raro o dia que eu deixava de ir à sua casa para ficar sentado numa banqueta ao lado da sua. Passava longas horas, ouvindo-o e vendo o seu trabalho, suas explicações sobre cores e luzes, sobre a importância dos reflexos e das sombras. Ele gostava muito de mim e eu gostava muito dele, sendo grande a nossa afinidade em assuntos históricos e geográficos, principalmente na geografia humana. Godô era um homem culto, interessado em tudo que representasse conhecimento e marcasse progresso. Conhecedor profundo de formas e perspectivas, seus modelos – pessoas e coisas – faziam parte do seu próprio sentido de vida.Dizia-me sempre que fui o seu único aluno de pintura, pois nem aos seus filhos e netos ensinava sua arte e seu ofício. Para ele a vida de artista era muito triste, economicamente pouco valorizada, sem sentido para quem precisasse vencer na vida. Dava muito prestígio, muita fantasia num sentido cultural, mas pouquíssimo dinheiro para a feira semanal de D. Júlia, sua mulher. Ele só não era infeliz, porque adorava ser um criador de belezas, vibrava com a própria habilidade nas tintas e nos pincéis. A mim me ensinava porque sabia que eu era independente financeiramente, e não precisava do dinheiro que a pintura pudesse me proporcionar, assim como acontecia também com Konstantin Christoff e com Samuel Figueira.Muitas e muitas vezes contava-me sobre suas experiências como pintor em Belo Horizonte, expositor na Feira de Artes dos domingos, principalmente da alegria dos montes-clarenses quando viam seus quadros das igrejinhas dos Morrinhos e da Avenida Cel. Prates. Outro quatro seu que fazia o maior sucesso era o Palhacinho, que todo mundo achava ser o único comprador, mas que ele já havia pintado mais de novecentos. O êxito maior dos quadros da igrejinha do início da Cel. Prates era por dois motivos: primeiro porque ela não existia mais; segundo porque fora o local de batismo e de casamento de uma grande maioria. Uma lembrança mais grata a todos os corações.Em verdade, foi Godofredo Guedes – cidadão e artista – um homem de admirável mérito, uma figura histórica exemplar, um ser realmente inesquecível. Dou graças a Deus por ter, de perto e por muito tempo, convivido com ele. Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
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