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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 20 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Na pauta da campanha

Waldyr Senna Batista

Há sinais de que a palavra honestidade permeará a campanha eleitoral em Montes Claros, a partir de julho. Em discurso que durou exatos seis minutos, na Câmara municipal, o vereador Athos Mameluque, que também preside o diretório local do PMDB, pronunciou-a mais de uma dezena de vezes. Intercalando frases curtas com interrogações, pôs em dúvida a honestidade do prefeito Athos Avelino, que prometeu interpelá-lo judicialmente.
Ao acionar sua metralhadora giratória o vereador peemedebista trilhou a linha habitual do candidato do seu partido e parece ter pretendido tomar a dianteira dos debates que virão quando se instalarem os palanques e os programas de rádio e televisão. A escaramuça atingiu em cheio o mais destacado item do currículo do prefeito, que sempre o tem citado como diferencial num segmento em que grande parte dos políticos brasileiros tem deixado a desejar.
Esse debate vem de longe e tem até resposta pronta da parte mais aguerrida da oposição local, que, ao se defender, ataca dizendo que, ser honesto, é obrigação de todas as pessoas, especialmente das que exercem função pública. E completa afirmando que quem se preocupa em alegar com insistência essa condição é porque tem culpa no cartório.
O chumbo trocado, portanto, não chega a ser novidade, e o prefeito, pelo que enfrentou na eleição passada, não deve estar esperando vida mansa na campanha que se aproxima. Com a diferença de que, desta vez, a agressividade será amplificada, envolvendo os demais concorrentes, numa espécie de frente ampla que, paradoxalmente, congregará adversários no combate ao adversário comum.
Estatísticas de âmbito nacional revelam que, dos prefeitos que tentaram o segundo mandato, 62% alcançaram o objetivo. Teoricamente, isso coloca como favoritos todos os que buscam a reeleição, sem se afastarem do cargo e tendo nas mãos a máquina administrativa. Quando manipulada criteriosamente, essa força poderosa assegura vantagem expressiva. Se utilizada abusivamente, como se tem visto no país inteiro, o poder de fogo torna-se ilimitado.
A esta altura da precampanha, todos os concorrentes já dispõem de pesquisas com base nas quais estabelecem sua pauta. Ninguém disputa prefeitura de município de relativa importância sem o uso dessa ferramenta, aperfeiçoada de forma a abranger todos os passos dos candidatos, desde a montagem da programação até a abordagem dos temas de maior receptividade em cada pedaço do município.
O prefeito Athos Avelino já esteve em situação mais desconfortável, segundo as pesquisas realizadas para uso interno. Mas poderia estar melhor posicionado, se não tivesse demorado tanto em mostrar serviço, instalando canteiros de pequenas obras, como está acontecendo. Ele se deixou envolver pelo esforço de arrumar a casa e na tentativa de domar a chamada herança maldita, além de apostar nas grandes obras financiadas pelos governos estadual e federal, nas quais é acusado de pegar carona. Elas não ficarão prontas antes da eleição, exceto a usina de biodiesel da Petrobras, para cuja inauguração ele pretende trazer o presidente Lula da Silva.
São as pequenas obras que geralmente fazem a diferença em qualquer administração. Asfaltamento de ruas, recuperação de praças em parceria com empresas privadas, melhor aparelhamento de postos de saúde e escolas, atendem ao trivial e produzem efeitos eleitorais imediatos. Nos primeiros dias da administração, a primeira-dama Vera Pereira, em entrevista, deu a receita, que não foi aviada devidamente: “Nossa administração será de pequenas obras”. Elas não apareceram e as grandes estão na base do vamos ver.
Agora, o tempo trabalha contra o prefeito, que ainda poderá contar com dois fatores importantes: a exposição natural devido ao exercício da função e a divulgação da publicidade institucional, condicionada aos rigorosos limites da legislação eleitoral e à qualidade técnica do material produzido, que até agora tem deixado a desejar.

(Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil).

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