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Mensagem: CANDELABRO ITALIANO JORGE SILVEIRASe as motos hoje são motivo de medo, desconfiança e apreensão por parte de motoristas e comerciantes, pois em Montes Claros são a principal arma de trabalho de bandidos e marginais, na década de 60 as lambretas e vespas eram sinal de glamour e de requinte para a rapaziada. Embalada pelo sucesso do filme ´Candelabro Italiano´ e pelo romance de Troy Donahue e Suzane Plesethe pelas lindas paisagens da Itália, a juventude montes-clarense se embevecia com as lambretas rodando pelas ruas da cidade.Se não me falha a memória, a primeira lambreta (ou vespa) a rodar em Montes Claros no início dos anos 60 foi uma de Waldir Aguiar, que era considerado pelas moças da época um dos partidos mais interessantes da cidade. Ele fazia parte de uma turma que vivia nas crônicas do Lazinho Pimenta, formada pelo Mimi (Hamilton Didier Guimarães), Agnaldo Drumond, Márcio Milo, Edvard Ró-Ró, Élcio Teixeira e Quinquinha. Quando a lambreta virou ´grife´ no país, Mimi e Agnaldo também compraram uma. À noite, no ´footing´ na Praça Cel. Ribeiro, eles encostavam as lambretas em frente à casa do Sr. Ladislau Braga e ficavam escorados nos assentos, fazendo pose para as garotas que em grupos rodavam a praça. Era o máximo!Em uma de suas crônicas, Augusto Vieira Neto, o nosso Bala Doce, relembrou a turma do Gerinha Português, formada basicamente pelo Saulo, Odorico, Lindolfo, Marco Antônio, José Augusto e Fernando Thomaz, e que se reunia ali em frente ao antigo Clube Montes Claros, hoje Conservatório Lorenzo Fernandez. Já a turma do Mimi, tinha como local de encontro, após o ´footing´ na Praça Cel. Ribeiro, o restaurante da Madame, o Mangueira, ali na rua Dr.Santos. Impreterivelmente, depois das 11 da noite, a turma estava lá, bebendo ´cuba libre´ e jogando conversa fora. Quase sempre, a noite iria terminar na casa da Leobina, onde o mulherio era de primeira. E aí as lambretas ajudavam, pois a casa da Leobina ficava longe, muito longe para os padrões da época.O único mecânico de lambreta (ou vespa, como preferiam alguns) na década de 60 na cidade era o Osmarzinho, que mais tarde ficaria rico com a ´Motosmar´. Por sinal, ele é o principal responsável por este verdadeiro congestionamento de motos que se vê nas ruas de Montes Claros. Vendeu moto para Deus e o mundo. Acredito que ele mesmo não imaginava nunca que o romantismo que cercava as lambretas de antigamente (ele também teve uma) se transformaria nesta loucura de hoje, com a moto servindo de arma para bandidos e assaltantes.O que mais marcou a época das lambretas em Montes Claros foi a ´Festa das Cuecas´, que Mimi realizava toda passagem de ano em sua casa, aproveitando que sua família viajava para Alagoas, para visitar parentes. Para entrar na festa, tinha que chegar de vespa, com uma garota na traseira. Como se vê, a festa era muito selecionada, pois eram poucos os que tinham vespa na cidade. E também não era qualquer garota que tinha coragem de comparecer, pois como o próprio nome da festa indicava, lá pelas tantas, com todas na cabeça, a rapaziada tirava a calça e ficava só de cueca. Os tempos eram outros e as meninas ficavam com medo de ficar ´faladas´.A turma do Gerinha, que não tinha lambreta, só ficava sabendo por alto o que se passava na ´Festa da Cueca´. E babava de inveja, ao ler a notícia na crônica do Lazinho. Que por sinal era o único que não tinha lambreta com autorização para participar daquele que era o réveillon mais particular (e mais invejado) da cidade. Fora eu, que também tinha lambreta, ainda estão vivos aí para contar o que se passava naquelas festas, o próprio Mimi, que mora hoje em Maceió, e o meu bom amigo Márcio Milo. E se não estou enganado, o Edvard Ró-Ró, que é médico e reside em Uberlândia, segundo me disseram. Passados quase 50 anos, acredito que o pacto que todos tinham de não contar nada, mas nada mesmo, para preservar a reputação das garotas, já deve ter caducado.
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