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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 24 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Meia volta, volver

Manoel Hygino (jornal ´Hoje em Dia´)

A idade é um estado de espírito. Não só de espírito, certamente, porque os dias, contados em anos, também somam. E, especialmente, pesam os momentos de dor, de aflição, do estresse, que se tornou uma espécie de estigma dos períodos desalentadores ou especialmente exaustivos que atravessamos.
Há jovens envelhecidos, como há pessoas que, ingressadas na casa dos “enta”, continuam operosos, com elevado austral, prestando bons serviços, produzindo no ofício que escolheu para si. Mas o homem é vário, adjetivo que empregava a tradicional “Folhinha Mariana”, para dizer que determinado período climático poderia ser de bom tempo. Ou não.
Outro dia, comentei sobre o novo livro de Luiz de Paula Ferreira, não conhecido integralmente. Com seus 91 janeiros, em plena atividade literária e empresarial, LPF não dispensa o verso ou a música típica do sertão mineiro. Está de bem com a vida e feliz.
Poderia lembrar um bom número de pessoas com mais lastro etário que eu, que se mantém em honroso labor, desligado da idéia de dependurar as chuteiras, como prosaicamente o fez Jânio Quadros. O cônego Pedro Maciel, ex-deputado federal, escreveu um precioso trabalho, em que evoca nomes e homens que souberam somar idade sem abandonar suas atividades.
Outro dia, adentra-me a sala o coronel Affonso Heliodoro dos Santos, mineiro de Diamantina, morador em Belo Horizonte do Bairro de Santa Efigênia, por muitos anos, e onde começou humildemente a ganhar um dinheirinho para ajudar em casa e a sobreviver.
O coronel é um dos remanescentes da equipe de Juscelino no Palácio da Liberdade, no Catete, no Planalto, no Catetinho, no momento histórico da construção da nova capital. E vem visitar-me, lépido, em seus 91 anos, que não esconde e não demonstra. Sua faina em Brasília é conhecida e reconhecida.
Com a bagagem intelectual adquirida, com a experiência de décadas de vida, reformado na PM, exerce presentemente relevantes funções na capital que Juscelino inventou para o Brasil. Escreve para publicações diversas, edita seus livros, não deixa de comparecer a compromissos, que não são poucos.
Diretor da Associação Nacional dos Escritores (ANE), presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal, é da cúpula da revista “Semana em Dia” e sua produção em prosa e verso continua.
Parece um toureiro no porte, gosta de andar a pé, não temendo, suponho, a malta de marginais que perambula por nossas vias públicas.
Agora, Affonso Heliodoro admite a possibilidade de regressar a Minas. Boa notícia para Belo Horizonte que o espera para continuar aproveitando sua operosidade em novos projetos. É retomar aqui o frio da meada que lhe fugiu das mãos, quando - acompanhando Juscelino - foi navegar em outras águas.
Ainda há tempo, muito tempo. Só espero que Brasília não fique sabendo dessa possibilidade e tente retê-lo por lá. Onde estiver, será cidadão prestante, como sempre se manteve. E há uma imensidão de cousas que se possa realizar por aqui.

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