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Mensagem: Congado: Uma Tradição Secular

Dário Teixeira Cotrim

Agora estamos vivendo um momento muito especial aqui na cidade de Montes Claros. O momento do Congado nas Festas de Agosto. O Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros reconhece a importância de se festejar o Congado e por isso mesmo vem difundindo esse movimento religioso com as tradições culturais do seu povo. Atualmente, durante esses festejos, que são de origem africana, nós encontramos também os elementos de bailados e as representações populares luso-espanholas, assim como os diversos comportamentos dos indígenas brasileiros.
Portanto, agora é agosto! Os festejos religiosos invadem as ruas e praças celebrando o maior patrimônio imaterial dos montes-clarenses: o Congado. O Congado é uma manifestação cultural e religiosa, em que se destaca a presença dos Caboclos, dos Marujos e dos Catopês. Trata-se, pois, basicamente de três temas em seu enredo: a vida de São Benedito, o encontro de Nossa Senhora do Rosário com os negros submergida das águas, e a representação da luta de Carlos Magno contra as invasões mouras
Caboclos – representam os índios que ao som de caixas de couro e sanfona reverenciam a Santa com alegria. Eles enfeitam-se com coletes coloridos, adornados de lantejoulas; usam cocares de penas coloridas, enfeitadas com fitas, perneiras com penas, pulseiras e brincos. Todos trazem consigo uma flecha de madeira para o ritmo da festa.
Marujos – representam o branco, a Esquadra Portuguesa na luta contra os mouros. Eles vestem-se como marinheiros, cantam ao som de instrumentos de corda, cavaquinhos e violões, de pandeiros, flautas e tambor. Seus passos são cadenciados e sugerem um movimentado combate.
Catopês – representam os negros e com o toque das caixas de couro revivem os gemidos de dor nas imundas senzalas. Levam tamborins, caixas de couro e reco-recos. As suas roupas são capas de chita estampada, enfeitam-se com espelhos, lenços, usam capacetes enfeitados com penas. Eles são os responsáveis por encaminhar a bandeira ao mastro, tirar Nossa Senhora do altar e devolvê-la novamente.
Certamente que a cidade de Montes Claros é a que mais respira congado no Norte de Minas Gerais. A cada ano que passa as festas de agosto se avolumam de fiéis e de inúmeros admiradores, superlotando, assim, os espaços físicos do centro da cidade. Existem, conforme divulgado pela comissão organizadora das festas de agosto, seis grupos de Congado em nossa cidade: um de Caboclinhos, dois de Marujos e três de Catopês. Não há como duvidar, nesta época a cidade sempre amanhece mais bonita e mais alegre! O colorido das fitas em movimento faz rodopiar as nossas imaginações, deixando-nos em estado de graça.
A Lenda de Nossa Senhora do Rosário: “Diz uma lenda histórica que em certa época Nossa Senhora do Rosário apareceu sob as águas do mar. Imediatamente, os Caboclos, já devotos da Santa Virgem através de catequese dos Jesuítas, rezaram, dançaram, cantaram, tocaram seus instrumentos, para que a Santa Virgem viesse até eles. Mas Ela não veio. Em seguida, os Marujos, também devotos, foram até a praia e empreenderam sua tentativa de trazer a Virgem do Rosário até eles. Após rezarem, dançarem, cantarem, tocarem seus instrumentos, não conseguiram trazê-la. Por último, vieram os Negros ou Catopês até a praia e após louvarem a Virgem do Rosário, Ela veio até eles. Por isto é que se diz que a Virgem de N. Sª do Rosário é a protetora dos negros”.

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