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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 23 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Riqueza nas Barrancas

Manoel Hygino

No Norte de Minas, existem verdadeiros monumentos abandonados. Ou esquecidos. Só recentemente começaram a ser reconhecidos, se é que foram, porque aquela imensa região ainda está muito distante dos centros governantes.
Há anos, o sino, com mais de três centenas de quilos, que existia na igreja de Nossa Senhora do Rosário, foi furtado no silêncio da noite, sem que ninguém visse ou ouvisse ruídos. E as noites no distrito de Barro Alto é tranqüila, somente algum galo insone canta.
A igreja foi construída em 1688 e, segundo o engenheiro Levínio Castilho, nascido em Januária e estudioso da história, é a mais antiga de Minas e das Gerais. Levínio observa que o templo ‘é um dos raros exemplares de arquitetura jesuítica‘ no sertão, convindo observar que a freguesia de Januária fazia parte do Bispo de Pernambuco, a quinhentas léguas de distância.
O sino, com todo seu peso e massa, subverteu. Até onde sei, não foi localizado, nem identificados os ladrões ousados. Ainda é Castilho quem observa que para Rosa Januária, onde se encontra o Barro Alto, ‘representa a luta da lei contra os desmandos dos potentados que habitavam o sertão hostil‘.
Em agosto, primeira semana, Ladrões roubaram três imagens de Santos em dois oratórios da matriz de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, em Matias Cardoso. As imagens de Santa Maria, da senhora de Santana e de São Miguel, têm 50 centímetros e foram surrupiadas ao amanhecer.
O furto foi descoberto pela manhã, quando o zelador encontrou uma das portas de frente da matriz aberta. No interior do templo, considerado um dos mais ricos da região, encontraram-se no chão a chave de fenda usada no arrombamento. O Menino Jesus que estava no colo da mãe, a balança de São Miguel, um pedaço de um dos dedos de uma imagem e um toco de cigarro.
A polícia se pôs em campo e, depois disso, nada mais sei. A matriz é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, há 54 anos.
As peças referidas são de origem portuguesa, da época da inauguração do templo, atribuída a 1675.
Mais antiga que a do Barro Alto?
Em grande parte, o Norte de Minas sequer foi descoberto. Está na hora. Há riquezas imensas na região, que pode tornar-se um grande pólo turístico. Não se deve conforma-se com a devastação de extensos pedaços de seu território, de madeiras que estão acabando, devoradas pelos incêndios e pelos fornos de gusa.
Há espécies que rareiam e são preciosidades de nossa flora.
O São Francisco é mais do que uma região produtora de peixe e cachaça, como a de Januária, de largo consumo. Investimentos devem ser feitos em infra-estrutura para o turista, enquanto se protege a água, que diminuiu em volume e aumenta em poluição.
O sino sumiu, as imagens dos santos sumiram, mas não se há de deixar que mais se perca, definitivamente, inclusive o folclore e as tradições regionais. Tudo constitui patrimônio notabilíssimo e insubstituível.
Renato Almeida, há poucos anos, sublinhava a existência da grande quantidade de dados da região, de interesse antropológico, sociológico, psicológico, geohistórico, artístico, técnico e econômico que não se admitirá pereçam.
Não se considerarão apenas os aspectos econômicos, materiais. A região, ainda pobre e de desvalida, precisa crescer agora que tanto se propala sobre transposição. Fazendo-a ou não, o fundamental é que se desperta para o significado da região, como centro de convergência de bandeirantes e de vaqueiros do Norte, para os quais o São Francisco justificou o conceito de rio da unidade nacional.

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