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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 24 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: MONTES CLAROS DESDE A INFÂNCIA

José Prates

Não gosto de ler nos jornais, notícias tristes ou que desabonem políticos de Montes Claros, colocando-os ao nível da desonestidade de tantos outros que pululam pelo país como regra e não exceção. Hoje, por exemplo, jornais de Belo Horizonte trazem em manchete e o moc.com reproduz, noticias que focalizam a improbidade de prefeitos que se foram, inchando, de maneira irregular, os quadros de funcionários da Prefeitura. É triste, mas, é verdade. No nosso tempo não havia isso. Administrações como as de Enéas Mineiro de Souza, Alfeu Quadros, Simeão Ribeiro e alguns outros eram voltadas para o desenvolvimento da cidade, sem corrupção, sem matrutagens nem improbidade administrativa. Mas... hoje é moda, todo mundo acompanha. Montes Claros perdeu a inocência, virou metrópole e... está seguindo outro caminho. Infelizmente.
Mas, vamos falar de coisas agradáveis que nos mostra um Montes Claros alegre, honesto, trabalhador e feliz. Essa é a história que deve ser contada aos nossos filhos, nossos netos e bisnetos para que eles sintam orgulho dessa terra. Pois vamos lá:
Montes Claros, muito antes de tornar-se cidade, ainda Arraial das Formigas, já apresentava sua vocação desenvolvimentista tanto no campo comercial como educacional, haja vista que em 1759, foi instituído o patrimônio e criação da primeira escola pública do arraial. No decorrer do tempo, com a chegada de pessoas interessadas no comércio que se desenvolvia, principalmente na pecuária, foi obedecida a vocação e novas escolas foram criadas para atender à demanda. Em 1831 com a criação da Vila das Formigas e a instalação da Câmara de Vereadores, foi promulgada uma lei municipalizando as escolas, que naquele tempo, já eram quatro. Em 1857, quando a vila passou à condição de cidade, com uma população de dois mil habitantes, eram dez as escolas mantidas com recursos públicos. Não consta que tenha havido nessa época, nenhuma escola particular.
O problema de saúde pública não era uma questão de grande relevância para o poder público, porque naquele tempo o tratamento das doenças que se apresentavam na população não tinha o caráter de epidemia que exigisse a ação do poder público. Mesmo a varíola que graçava e, até causava mortes, não era considerada epidemia. As doenças que apareciam eram tratadas com “mezinhas” prescritas e aplicadas por curandeiras, curandeiros e rezadeiras que faziam às vezes de médicos. Esses, eram coisa raríssima naquelas bandas. Basta dizer que para atender uma extensa região que compreendia todo norte de Minas, começaram a chegar, a partir de 1834, alguns facultativos, ou seja, “entendidos” que tinham licença para exercer a medicina. O primeiro foi Manoel Hipolito de Paiva, com licença para cirurgias. O primeiro médico foi o dr. Carlos Versiani, chegado ali em 1847. Vinte e quatro anos depois, ou seja em 1871, o governador da província Joaquim Pires Machado, criava o Hospítal da Caridade, depois chamado de Santa Casa de Misericórdia que passou a oferecer um tratamento adequado à população, diminuindo, inclusive, a mortalidade infantil conseqüência do tétano neo-natal, chamado de mal de sete dias. Este era conseqüência da falta de assepsia no instrumento usado pela “parteira” . Com a vinda de médicos e paramédicos, o tratamento à população sofreu uma grande melhora.
A vocação desenvolvimentista estava presente em todos os momentos e todos os setores, aproveitando todos os ensejos para dar à vila um novo status. Em 1857, a Vila Montes Claros de Formigas teria mais ou menos dois mil habitantes e já exigia grandes melhoras, tendo em vista que a afluência de pessoas de outras lacalidades, procurando negócios, estudos, médicos, etc. era muito grande. Foi assim que o governador da província atendeu aos reclamos da população e e em 3 de julho de 1857 pela lei 802, a vila passou a cidade com o nome de Montes Claros, tornando-se o centro de convergência de pessoas interessadas no comércio, como, também, em busca de escola para os filhos ou tratamento médico, o que levou o governador da província Joaquim Pires Machado Portela criar, em 1871, o Hospital de Caridade, depois chamada de Santa Casa de Caridade. Mas, não ficou ai o desenvolvimento da cidade que acabava de ser criada. Era grande o numero de jovens que vinham de diversas localidades circunvizinhas em busca de escola. Para atender a essa demanda, em 1879 foi criada a Escola Normal de Montes Claros, instalada em fevereiro de 1880 na antiga Rua Direita, depois Justino Câmara. Hoje, não sei se mudou de nome. Logo em seguida, era criado e instalado o Grupo Escolar Gonçalves Chaves, o primeiro da cidade. Outros estabelecimentos de ensino foram vindo, como o Colégio Imaculada Conceição, fundado pelas irmãs de Berlear que aqui chegaram 1907. Esse colégio foi responsável pela formação de muitas jovens que vinham de outras localidades e ali estudavam num regime de internato. Um dos colégios que prestou grande serviço à educação no norte de Minas, foi o Instituto de Educação Norte de Minas, propriedade e direção do Dr. João Luiz de Almeida. Era um colégio que oferecia curso profissionalizante de contador, depois técnico de contabilidade. Grandes contadores saíram daquele estabelecimento.
Montes Claros sempre teve a preocupação de trazer os seus habitantes informados e a imprensa foi sempre uma de suas preocupações. Em 1884, mais precisamente em fevereiro, dia 2, circulava o primeiro número do semanário “Correio do Norte”, depois “Gazeta do Norte” que viveu até a pouco, com o saudoso Jair de Oliveira, jornalista obstinado e conservador. Depois veio o “Jornal de Montes Claros” em 1951, depois mais outro e mais outro e hoje tem uma imprensa digna e respeitada, sem perder para nenhuma grande metrópole.
A industria foi outro grande passo, ao final do século XIX, em 1882 surgia a fabrica do cedro, destruída por um grande incêndio em 1889. Hoje, Montes Claros, seguindo a sua grande vocação capitalista e desenvolvimentista, é uma cidade industrializada.
Montes Claros, desde seu inicio, foi uma cidade religiosa. O seu desenvolvimento comercial e social, com uma grande influência na região, chamou a atenção da cúpula da Igreja Católica. Foi, então, que em 1910 o Papa Pio X criou o Bispado de Montes Claros, tendo sido nomeado seu primeiro Bispo Dom João Antonio Pimenta que celebrou a primeira missa pontifical em 08/10/1911. Oitenta anos depois, a Diocese é elevada a Arquidiocese. A vocação desenvolvimentista de Montes Claros não parou e não vai parar, apesar dos pesares.
Por hoje chega. Depois contarei mais.

(José Prates é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros de 1945 a 1958 quando foi removido para o Rio de Janeiro onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)

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