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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 24 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: (Do livro ´Por Cima dos Telhados, Por Baixo dos Arvoredos´ - Parte 45)

50 ANOS VIVENDO ROTARY

Berço do primeiro clube de serviços implantado em Minas Gerais, terceiro criado no país, depois do Rio de Janeiro e São Paulo, Montes Claros oferece, em sua crônica histórica, edificante exemplo de vocação para a prática da solidariedade.
Em 1926, antecipando-se à própria capital do Estado, Montes Claros fundou o seu Rotary Club, que pouco viveu mas legou ao futuro semente generosa.
Com seus 50 anos bem vividos, o nosso clube absorveu a seiva do clube pioneiro e firmou suas raízes na vida da comunidade. E vem influenciando nos caminhos do desenvolvimento social e econômico que a cidade vem alargando em sua trajetória para o futuro.

O Rotary Club de Montes Claros, Minas Gerais, foi criado e começou a funcionar como clube provisório a partir de 31 de dezembro de 1945, tendo-lhe sido conferida a Carta de Admissão em Rotary International em 22 de abril de 1946.
Completa, portanto, este ano, 50 anos de existência.
Foi o primeiro clube a ser criado e a funcionar ininterruptamente no Norte de Minas Gerais.
Sua presença teve desde então influência marcante na vida comunitária.
Quando chegou a Montes Claros, há 50 anos, Rotary encontrou uma elite de coronéis e doutores pouco permeável às gerações emergentes.
Exercendo seu poder de aglutinação, Rotary foi buscar elementos de representatividade onde quer que eles se encontrassem e reuniu 35 sócios fundadores, com base em suas qualidades de cidadãos e nas profissões úteis que exerciam e não em função de seus títulos universitários ou de sua expressão política, ou de seus cadastros bancários.
Eu era jovem, na ocasião, e conhecia as barreiras existentes na comunicação com as estruturas vigentes. E assim pude perceber como os espaços foram se abrindo naturalmente, sob a inspiração dos ideais e das práticas rotárias. No convívio que se estabeleceu no clube, o Juiz de Direito, o Prefeito, o Coronel, o Gerente de Banco, o Promotor de Justiça, o médico de renome, o advogado famoso ampliaram seu diálogo e nós outros tivemos a satisfação de verificar que eles eram pessoas como nós próprios. E estou certo de que eles também exultaram com a expansão de seu campo social.
O modelo simples e prático das reuniões foi um belo achado e ajudou a demolir velhos tabus.
O que hoje é rotina em nossas reuniões foi grata novidade naqueles tempos.
Aboliram-se os tratamentos rebuscados e novas normas de convivência floresceram na comunidade.
Os oradores passaram a usar a linguagem coloquial, deixando a pomposidade dos discursos para ocasiões muito especiais.
A duração das reuniões e o uso da palavra de cada orador tiveram o seu tempo limitado. Antes não se poderia prever quanto duraria uma reunião. E limitar o tempo de qualquer orador seria considerado grave ofensa.
A prática de se servir o jantar ao mesmo tempo em que falavam os oradores foi outra inovação para economizar tempo que se transformou em rotina por todos aplaudida.
A expressão “companheiro” tornou-se corrente e o tratamento de “você” solapou as barreiras criadas pelas diferenças de fortuna, de idade, de cultura e de títulos e ressoou afetuosamente no coração de todos.
Havia um vazio, na vida da comunidade, a ser preenchido. E aconteceu que logo após sua instalação o Rotary Club de Montes Claros passou a assumir a posição de fórum de reivindicações de interesse comunitário. Ao mesmo tempo em que a convivência dos sócios estabelecia o companheirismo e este se transformava em força que o clube utilizou como oportunidade de servir.
Rotary passou a ser o interlocutor lúcido e bem informado para quantos visitavam a região com algo útil a oferecer. E suas reuniões proporcionavam a todos uma tribuna privilegiada para a apresentação de idéias e programas de interesse da cidade e da região, constituindo, além disso, fonte pródiga de notícias e informações para a imprensa local e regional.
Muito grande foi naqueles tempos, e continua sendo, a contribuição de Rotary para a comunidade. O Clube foi impelido pela própria sociedade a assumir o papel de defensor das boas causas. Desde problemas menores, mas também importantes, como a proibição, em 21 de março de 1946, do trânsito de boiadas pelas ruas da cidade, ou o socorro a famílias de retirantes das secas, até causas da maior importância para a coletividade, como as que são mostradas a seguir.

- A Associação Comercial de Montes Claros tinha existido antes, mas fechara suas portas havia muitos anos. Por iniciativa de Rotary foi reativada e teve como seu primeiro presidente o presidente do clube. E prossegue, até hoje, pujante, a prestar bons serviços.

- A Escola Normal é um caso semelhante. Fechada em 1938, pelo Governador Benedito Valadares, foi reaberta 15 anos depois, por iniciativa de Rotary, sob a direção de um rotariano, o Professor Plínio Ribeiro dos Santos, que doou o terreno onde a escola hoje funciona, constituindo na atualidade um dos estabelecimentos de ensino de maior matrícula em uma única unidade, em todo o Estado.

- A Cia. Telefônica de Montes Claros também nasceu no clube e seu fundador, primeiro presidente e maior acionista foi o rotariano Hildebrando Mendes.

- Da mesma forma foi criado o Centro Cultural Brasil-EE.UU, primeira escola do gênero, na cidade, para ensino da língua inglesa.

- Quando os pais de família montes-clarenses clamaram contra a inexistência de uma escola de 2º grau na cidade e na região, foi em Rotary que esse clamor encontrou ressonância. O clube criou a “Associação dos Amigos do Progresso”, que entre outras realizações fundou o Colégio São José e o entregou, sem ônus, aos Irmãos Maristas: amplo terreno, com paredes erguidas e doações asseguradas.

- Outra realização importante foi o Conjunto Habitacional Rotary. O clube possuía um terreno de 125.000m2, na periferia da cidade, e surgiu a oportunidade de se fazer um conjunto habitacional para famílias carentes em convênio com a Prefeitura e o ministério do Interior. A obra foi realizada e atende a 208 famílias.

- Encontra-se em fase final de acabamento a CASA DO ROTARIANO, com área construída de 750 m2, em terreno de 5.650 m2. O prédio possui dois salões principais, um de 120 m2 e outro de 240 m2, e salas para secretariam, biblioteca, sede para a Casa da Amizade e dependências de apoio para restaurante.

- A cidade conta hoje com sete Rotary Clubs e a nossa expectativa é de que todos os clubes existentes e os que vieram a ser criados no futuro venham a reunir-se na CASA DO ROTARIANO.

- Foi no Rotary Club de Montes Claros que nasceu a lei federal que confere utilidade pública a todos os Rotary Clubs, Lion’s Clubes e Casas da Amizade do país. O autor da lei é rotariano do nosso clube.

O Rotary Club de Montes Claros notabilizou-se também como clube criador de clubes. E os clubes que criou passaram, por sua vez, a criar novos clubes. Hoje são 28 clubes rotários na região.

Em 1987 a Prefeitura Municipal construiu a PRAÇA ROTARY, um dos logradouros públicos mais bem freqüentados da cidade. Com jardins, quadras de esporte, “play-ground”. Uma placa informa aos freqüentadores: HOMENAGEM DA MUNICIPALIDADE AOS ROTARY CLUBS DE MONTES CLAROS.
Em verdade, Rotary trouxe para a região um novo modo de conviver, mais natural, e ampliou o círculo de convivência das pessoas, em cada comunidade.
O Rotary Club de Montes Claros proíbe ao rotariano que tenha exercido a presidência, em qualquer tempo, exercê-la uma segunda vez. É uma tradição rigorosamente respeitada desde que o clube foi criado, há 50 anos.
Mas neste Ano do Cinqüentenário o clube decidiu abrir uma exceção. Para o único sócio fundador que permaneceu no clube durante 50 anos, presente e ativo, tendo exercido a presidência no ano rotário de 1954/1955.
Fizeram-no presidente do Ano do Cinqüentenário.
Na esperança, talvez, de que a esta altura já tenha aprendido, finalmente, como dirigir um Rotary Club.
Comovido, agradeço.

(continuará, nos próximos dias, até a publicação de todo o livro, que acaba de ser lançado em edição artesanal de apenas 10 volumes. As partes já publicadas podem ser lidas na seção Colunistas - Luiz de Paula)

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