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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: Identidade cultural

Manoel Hygino (Jornal ´Hoje em Dia´)

A despeito dos esforços de devotados pesquisadores, de conceituados historiadores, o que se sabe sobre a história de Minas Gerais é o mínimo. Talvez exagere, mas realmente apenas em tempo mais recentes se cuidou sistematicamente de rebuscar fontes, quase sempre precárias e dispersas. O que se aprende e se ensina sobre o período colonial se restringe muito à zona das riquezas minerais nobres, hoje congregadas na região compreendida pelo chamado circuito histórico.
Mas nossa história, ainda cheia de lacunas no circuito histórico, não inclui outras regiões de um Estado, singularmente rico em valores. Há muito a trabalhar para desvendar o resto das Minas e das Gerais e dos Gerais. Esta unidade da Federação tem dimensões da França e muito pode oferecer ao estudioso, mesmo ao curioso, quase só interessado em aspectos pontuais.
Para alcançar os territórios hoje de Minas Gerais, houve dois principais fluxos: o que vinha do litoral, de São Paulo, atravessando regiões do hoje Estado do Rio; ou no Nordeste, das capitanias da Bahia e Pernambuco, que outrora compreendeu extensas partes de Minas atual.
Ambos movimentos deixaram marcas profundas. Quando houve, em agosto, o furto de três imagens de santos em dois oratórios da matriz de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, em Matias Cardoso, a 266 quilômetros de Montes Claros, a cidade mais importante, houve pessoas que se espantaram com as datas.
Construído em 1675, o templo está tombado há 54 anos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Iphan. 1675? Perguntou-se. Porque a fundação de Mariana é de princípio dos séculos seguintes.
São duas histórias, que se encontram no tempo e no espaço. Quando a mineração entrou em decadência nas duas primeiras cidades que serviram de sede à governança das Minas, hoje Mariana e Ouro Preto, elas se mantiveram, principalmente com carne, procedente dos currais mais ao Norte.
Petrônio Braz, advogado, escritor, barranqueiro, nascido em São Francisco, participou em setembro, em Montes Claros, de espetáculo-debate em que se buscava resgatar, de forma simbólica, a crônica da região, a partir exatamente do povoado de Morrinhos, hoje Matias Cardoso, de cuja matriz se surrupiaram as imagens mencionadas, trazidas de Portugal.
Com coordenação de Cláudio Márcio e Nélson Bambam, e direção deste, com dramaturgia de Glicério Rosário, contou-se, de forma teatral, a evolução regional no período colonial, procurando fixar, como verdade histórica ou anterioridade de Matias Cardoso em relação a Mariana.
É uma digna tentativa de situar o problema, levada a efeito por gente moça, interessada em revelar o que se deveria saber: as lutas da conquista territorial e da afirmação de domínio.
Além de resgatar o termo catrumano, tão pouco conhecido ou mal interpretado, enaltece-se (com os atores: Ana Flávia Amaral, Antonella Sarmento, Gabriel Sanches também assistente da direção, Soraia Santos, Tassiane Figueiró, Tatiana Teles e Rita Maria), a cultura baiano-mineira. Mostram-se episódios do processo de colonização, entre 1613 e 1736, quando eclodiu a Conjuração do São Francisco. Para o grupo teatral-cívico, em que se alinha como orientadora Ana Lana Castelois, o trabalho é ´início de ma nova trajetória, em que redescobrimos nossa identidade e assumimos nossa história´.

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