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Mensagem: Votos que decidemWaldyr Senna Batista O reagrupamento de forças para o segundo turno da eleição em Montes Claros deu-se na forma esperada: Luiz Tadeu Leite (PMDB), recebeu o apoio dos deputados Jairo Ataíde (DEM), Ana Maria Resende (PSDB) e Carlos Pimenta(PDT); e Athos Avelino ( PPS), o do deputado Rui Muniz ( DEM). Como de costume, em todos os casos deve ter havido acertos envolvendo apoios futuros e concessão de espaços na eventual administração, mas disso não se saberá tão cedo. Todos jurarão, de pés juntos, que tudo se deu em homenagem aos mais elevados interesses do município.Mas sempre há o que explicar. Jairo deve ter aderido ao seu velho e ferrenho adversário, junto com Ana Maria, movido pela notória aversão a inimigo integrante do grupo do atual prefeito com quem não compartilha a mesma mesa. Mas consta que sua justificativa foi de outra ordem. Teria dito a adepto seu que “onde estiver o Athos, eu estarei do outro lado”. Resquícios da campanha de 2004, em que Athos esperava ser seu candidato, mas, por influência do governador Aécio Neves, o então prefeito ignorou o trato, alinhando-se ao deputado Gil Pereira, na época favorito, e que, devido a esse acordo, não chegou sequer ao segundo turno. Além disso, o atual prefeito não mede palavras quando se refere à chamada “herança maldita” que lhe foi transferida pelo antecessor e para cuja regularização, segundo ele alega, tomou-lhe quase dois anos do mandato.Já o deputado Carlos Pimenta, que apoiou a atual administração desde o início, bandeou-se para o lado de Rui Muniz com direito a indicar o irmão vereador como candidato a vice, alegando que não teve tratamento adequado durante os três anos e meio em que freqüentou a prefeitura. Perdida a eleição, retornou ao aprisco de Tadeu, onde iniciou sua trajetória, com quem rompera por ter sido preterido em campanha passada na indicação do vice-prefeito na chapa do PMDB.Os três ( Jairo, Ana Maria e Carlos) compuseram a coligação que lançou a candidatura de Rui Muniz, sem grande empenho, limitando-se a ligeiros pronunciamentos nos programas de televisão. Foi um apoio simbólico, como aqui referido antes e agora confirmado por Rui na entrevista em que anunciou sua decisão. Ele desdenhou da influência dos três ao rotular como seus 24 mil dos 35 mil votos obtidos, sublinhando que eles serão transferidos integralmente a Athos, cuja campanha prometeu abraçar. Na sua opinião, o jogo assim está empatado, pois essa é precisamente a diferença de votos entre os dois que se classificaram para a segunda etapa.Argumento típico de palanque, pois é incerto o destino que costuma ter o acervo eleitoral dos candidatos eliminados. Dificilmente ele se transfere por inteiro a um dos postulantes, havendo, a rigor, duas outras hipóteses: distribuição meio-a-meio, não tendo influência, portanto, no resultado do primeiro turno; e parte considerável desses eleitores opta pelo candidato que apresenta mais chance de vitória, o chamado efeito manada, característica dos que querem levar vantagem em tudo. Há teorias para todos os gostos, dependendo do interesse de quem manipula os números.O certo é que, no conjunto de quase 200 mil votos apurados, tirar diferença de 25 mil constitui tarefa extremamente difícil. A não ser que, na curta duração da segunda etapa, surja denúncia com efeito demolidor, capaz de desestabilizar o candidato classificado em primeiro lugar.Que não é o caso do texto que freqüentou as redações e os murais eletrônicos no início desta semana, dando conta de que o promotor Felipe Gustavo Gonçalves Caires pediu a quebra do sigilo bancário do candidato Luiz Tadeu Leite nos dois períodos em que ele exerceu o mandato de prefeito. A informação procede, houve o pedido do Ministério público, mas em processo antigo, razão pela qual a divulgação de agora não provocou qualquer impacto. É possível até que esse processo tenha contribuído para a inclusão do nome do ex-prefeito na “lista suja” da ABM ( Associação brasileira de magistrados), situação amplamente explorada na atual campanha. Ou seja, já provocou o estrago que tinha de produzir.(Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil).
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