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Mensagem: Noel cantado por Martinho Roberto Elísio - Hoje em Dia O título da matéria não poderia ter sido melhor inspirado, porque já diz tudo: ´Dois mestres de Vila Isabel´. Foi a capa do caderno Cultura da última quinta-feira deste HOJE EM DIA, com texto do repórter José Antônio Orlando, e o detalhe informativo a seguir: ´Martinho canta Noel em tributo ao centenário do genial poeta da Vila´. Setenta e três anos após a sua morte, Noel Rosa continua sendo uma das maiores - se não a maior - referências do cancioneiro popular brasileira, do qual, nos dias atuais, o já veterano Martinho da Vila se mantém como expoente. Noel nasceu em 1910 e morreu em 1937. Pouco tempo depois nascia Martinho, em 1938. Apesar de sua curta existência, consumida pela tuberculose decorrente de uma vida desregrada e boêmia, Noel Rosa deixou cerca de 300 composições, só dele ou em parcerias, num período produtivo de cerca de apenas sete anos. Imortalizou versos e variações melódicas, que se perenizaram no tempo, vão passando por gerações e desafiando as mudanças nos costumes. Vila Isabel, um simpático bairro do Rio de Janeiro, era naquela época distante, o cenário do samba, como cenário do samba foram para Vinícius de Morais, Tom Jobim e Chico Buarque de Holanda o sofisticado bairro de Ipanema. Com jeito de malandro bonzinho e boêmio por opção de vida, Martinho hoje personifica, como poucos, a figura do autêntico sambista carioca, à melhor imagem de Noel, com seu estilo malicioso de dizer sem dizer, de insinuar sem afirmar, de resumir uma história de amor numa simples frase, como aquela da ´quero te deitar no chão e te fazer mulher´. Está lançado agora um disco imperdível para os admiradores da mais pura música popular brasileira: ´Poeta da Cidade - Martinho canta Noel´. Homem da classe média carioca, Noel Rosa subiu os morros do Rio para conviver com pessoas e ritmos das raízes do samba, deixando uma obra que nem o passar do tempo consegue apagar. ´Último desejo´, gravado na década de 30 por Aracy de Almeida, sua melhor intérprete, ainda hoje é sucesso onde quer que seja cantada: ´Nosso amor que eu não esqueço/ E que teve o seu começo/ Numa festa de São João/ Morre hoje sem foguete/ Sem retrato e sem bilhete/ Sem luar e sem violão´. Tenho um amigo muito querido, o advogado Fausto da Mata Machado, que mescla com admirável harmonia sua vasta enciclopédia jurídica e o sentimento seresteiro próprio dos nascidos na velha Diamantina. De vez em quando, mergulha no imenso mundo de suas recordações musicais, para concluir, invariavelmente, com a mesma frase: ´Acabou tudo´. Martinho, ao regravar Noel, se esforça na tentativa de ressuscitar as mais belas páginas de uma fase áurea da fascinante música popular brasileira. Hoje, melancolicamente, os tempos são outros. Por exemplo: encontrei-me há dias com um conterrâneo da velha Santa Luzia, a quem perguntei se ainda continuava fazendo serenata. Sua resposta foi de doer: ´Eu, não. Se eu sair à noite cantado, a bandidagem vai me assaltar e roubar meu violão´
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