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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 26 de abril de 2024
 

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Mensagem: CRIANÇA CADUCA ALBERTO SENA Bom mesmo deve ser criança a vida toda. Morrer cheio de anos, porém, criança. O genial Michael Jackson sabia disso desde cedo, só que ele extrapolou na dose e deu no que deu. Maicon, como acredito que os íntimos o chamavam, queria ser criança como Peter Pan e por isso construiu a ‘Terra do Nunca’, Neverland. Quem é o pobre mortal aqui para aspirar e respirar ares de uma camada telúrica tão elevada. O que se quer é dizer: se as crianças tivessem consciência do quanto é gostoso o ‘ser criança’, crianças elas seriam a vida inteirinha. Acontece que, passada a fase, o cidadão despreza o espírito infantil. E para voltar a ser criança de novo, até morrer velhinho, precisa iniciar novo aprendizado. Ser criança é a coisa mais difícil na face da Terra. Quem quiser precisa entender o significado de ser criança em níveis espirituais, psíquicos, filosóficos, políticos etc. Precisa estudar muito. Primeiro tem de entender e compreender o que Jesus Cristo quer dizer com a expressão: ‘nascer de novo’. Em termos da psiquê, o camarada precisa ter a capacidade de mergulhar no inconsciente – e depois voltar ileso como faziam e fazem os iluminados desde os tempos imemoriais. Antes precisa reaprender a sonhar acordado. Para sonhar acordado, ele deve contemplar nuvens, contar carneirinhos de nuvens. Quando se é criança a vida toda, o viver deve ser mais alegre que o viver dos adultos. A satisfação de estar vivo deve ser maior, porque além de ser criança, o adulto consciente do espírito infantil que carrega na cacunda, valoriza mais o que o circunda, tanto no micro como no universo macro. Quando se era criança em Montes Claros, a criança-adulta compreendia o quão bom era a fase vivida. Havia tempo para tudo. Havia tempo para jogar bolinha de gude; tempo para empinar papagaio – pipa ou arara. Como também havia tempo para brincar de ioiô e bilboquê, que chamávamos ‘biloquê’. Havia tempo de jogar finca e tempo para brincar de bente altas. Mas tudo era feito correndo, porque correr era preciso contra o tempo e fazer tudo que era preciso fazer o tempo todo, como brincar de esconde-esconde, de salva-bandeira e de acertar um buraco no chão com bola de meia. Se errasse o buraco e acertasse o buraco vizinho era preciso fugir para não levar bolada nas costas. Havia tempo e hora marcada para jogar futebol no campo do ex- União e do Casimiro de Abreu; ou jogar futsal na Praça de Esportes. Assim como também tinha o tempo de jogar pingue-pongue no Sesc, quando era ali na Rua Padre Augusto, ou mesmo na Praça de Esportes ou ainda na União Operária, na Rua Bocaiúva, entre ruas General Carneiro e Januária. Os adultos daquela época nem imaginavam o quanto era trabalhoso ser criança, inda mais numa casa de quintal cheio de magia e de maneiras mil de brincar; isto também cansa. Depois de um dia correndo de um lado para o outro; brinca aqui, brinca acolá; sobe num muro ou numa goiabeira... Ufa! Haja fôlego! Chegava à noite a criança só queria sabe de dormir para acordar cedo e retomar os afazeres, as artes, as criancices, no dia seguinte. Muito antes do filme de Brad Pitt, às vezes dava na telha de pensar como seria se o curso da vida fosse outro. A pessoa nasceria velhinha e com o passar do tempo iria se remoçando a cada ano até chegar a ser criança e depois... Bem, depois a gente ia ver o que fazia. Mas morrer seria proibido. Criança e morte não combinam. Alguém discorda? Então o mundo ficaria abarrotado de crianças e tenho certeza: tudo funcionaria da melhor maneira possível. Criança não tem maldades. Nem ganâncias. Assim como as crianças formam o caráter vendo os exemplos dos adultos – primeiro dos pais e depois dos demais – no caso de um mundo abarrotado de crianças, como não haveria adultos dando maus exemplos, o mundo se transformaria num mar de rosas cheio de parques de diversões, algodão doce e pirulitos. Sei que tudo isto são elucubrações de um adulto a lutar para não deixar ir embora o espírito de criança, mas está convencido das dificuldades. E a principal delas é saber que, em mundo governado por adultos, possa ser mal interpretado. Sempre haverá alguém para dizer: ‘chiiii... Ele está caducando antes do tempo’. Se isso é caducar, necessariamente, não precisa haver um tempo.

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