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Mensagem: Apagão eleitoral Waldyr Senna Batista Para Montes Claros e o Norte de Minas, foi a pior eleição das últimas décadas. A região ficou sem espaço em Brasília, onde sempre teve pelo menos um representante (em certa ocasião eram três), não reelegendo os deputados Jairo Ataíde (73 mil votos, 5ª suplência) e Humberto Souto ( 65 mil votos, 6ª suplência). Na Assembléia, houve redução da bancada norte-mineira, em tamanho e em qualidade. A explicação quase unânime para esse apagão eleitoral aponta para a ação predatória dos candidatos de outras regiões, que acampam por aqui e sugam o que a região norte-mineira possa ter de força eleitoral. Mas há outros fatores que levaram ao desastre. Porque o fenômeno dos chamados paraquedistas existe em todas as partes: os daqui frequentam outras regiões com a mesma finalidade. Chumbo trocado. A prova está nos mapas de apuração, que mostram fatos inacreditáveis, como o de dirigente de movimento religioso que obteve quase cinco mil votos em Montes Claros, e também revelam votos de políticos com base de apoio aqui votados em cidades até do sul de Minas. Isso não se deu, certamente, devido aos belos olhos deles. Aliás, durante a campanha, a grande imprensa registrou a aterrissagem de aviões e helicópteros tendo a bordo candidatos norte-mineiros, que seguramente não estavam em viagem de turismo. As viagens eram “de negócios” mesmo... O próprio sistema de votação proporcional, em que todos atuam contra todos, até contra companheiros de partido, incentiva esse tipo de traficância, sob o lema cínico de que, em matéria de voto, tudo o que cai na rede é peixe. Autofagia pura e simples. Outro ponto a destacar é o excessivo número de candidatos, que tem como consequência a pulverização de votos. São dezenas de candidatos com votação inexpressiva atrapalhando os que tinham alguma chance. E, pior, ao votar nesses candidatos, o eleitor está elegendo deputados em outras regiões, que ninguém sabe onde ficam. Em campanha recente, na Câmara Municipal de Montes Claros, cujo quadro era de 21 membros, lançaram-se nada menos de sete candidatos a deputado estadual, um terço do total, e nenhum deles se elegeu. No pleito da semana passada, dos quinze vereadores atuais, três se candidataram (um quinto do total) e novamente foram todos derrotados. Esses políticos em início de carreira pecam pelo excesso de vaidade e por ausência de senso crítico, ignorando que, em política como em quase tudo na vida, existe fila de espera, que se move muito lentamente. Nela, reeleição é relativamente fácil, depende da qualidade do trabalho desenvolvido; difícil é a ascensão na carreira. Mais difícil ainda é iniciar-se na atividade queimando etapas. Isso é para pouquíssimos. Não servem como exemplos Dilma Roussef, inventada por Lula e guindada à posição com que sonham todos os políticos; e nem o palhaço Tiririca, que “furou” a fila e explodiu nas urnas com 1,3 milhão de votos. Esse é palhaço de profissão. No caso da eleição da semana passada em Montes Claros, não há que se falar em comédia nem em comediantes. Trata-se de drama, do gênero tragédia grega, que produzirá consequências nefastas pelo menos nos próximos quatro anos. A partir de agora, os espaços da região norte-mineira estarão ainda mais vulneráveis à ação deletéria de forasteiros, que se insinuarão com emendas orçamentárias a prefeitos desavisados, que, por estarem órfãos no âmbito federal, se contentarão com migalhas. De resto, ficou demonstrado que ao Norte de Minas falta um líder com poder de aglutinação para evitar que desastres desse tipo continuem ocorrendo. (Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil)
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