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Mensagem: DIN BOLERO (atendendo a pedidos) Batizado Waldir Alves, era conhecido na noite como “Din Canga”. Walduck Wanderley, companheiro de serestas e de noitadas, foi seu fã número um, o chamava de ”Din Bolero”. Sempre generoso, ajudou-o e o protegeu de todas as formas, tendo custeado seu enterro. Morava com sua mãe, dona Joana Pedro, na pensão da família na rua Altino de Freitas, centro da cidade de Montes Claros. Mestre do tango na pista sintecada da boate Maracangalha, de boleros e rítmos tropicais, “crooner” com ou sem acompanhamento, possuía uma bela voz e foi uma atração da noite, vivendo em “dolce far niente” nos Montes Claros dos anos quarenta a oitenta. Bom de bola na adolescência, jogou como centro avante no juvenil do Ateneu nos anos cinqüenta, sob o comando de Milton Ramos. Era conhecido como O Rei do Rádio no programa de Alceu Queirós, da Rádio Sociedade Nortemineira-ZYD7, levado ao ar no Cine Ypiranga. Nos anos 50, Din teve uma paixão platônica por Cecí, uma profissional do pecado e mestra da luxúria, a mais linda mulher que desfilava e trabalhava no Cassino Minas Gerais. Sob a permissão de João Pena, que assumiu a direção da casa depois de Sinval Amorim, Din Canga varou noites cantando “Aurora em Flor...”, homenageando a amada, mas não conseguiu amolecer seu coração. Dizia ela que não o queria como amante, namorado e nem mesmo com freguês! Imitava Cauby Peixoto, interpretando cálidas canções, enquanto sorvia doses generosas de “scotch”. Tudo em vão. Abraçado aos amigos e habitués das rodadas no místico pano verde, curtia embriagado sua paixão, num atroz sofrimento por tanto desprezo. Nesse tempo, fins dos anos 50, o cassino já tomara uma característica de lupanar, perdendo o status de casa de jogo, criada por Sinval. Tipo caucasiano, barriga proeminente, cabelo acaboclado, rosto de lua cheia, com papadas, vermelho pimentão, gestos largos e calculados, voz forte e persuasiva, Din jogava nas dez e batia com pau de dois bicos! Foi um autêntico boêmio. Um mestre da sugesta, do contra-agá. Era bem recebido em qualquer ambiente, inclusive casas de família e sempre se dava bem. Chegava liso e voltava com grana no bolso. Na sua caixa de ferramentas, tinha boa disposição para circular diuturnamente, alma escrava da luxúria, boca de glutão, verve inspirada, gargalhada sonora, garganta sempre pronta para cantar “Maria Helena”, pensando em Ceci. Mãos hábeis, para jogar sinuca e rodadas de baralho no cassino com amigos diletantes. Deus Pai o mandou para o nosso meio e o próprio Deus Pai o levou, quando quis! Afinal, “cada alma que aqui vem, o faz em missão, cada qual com o seu cada qual!...” Adotou como filosofia de vida, a frase escrita em letras garrafais na parede do salão da sinuca do Augustão: “A vida só é vivida, depois que você se envolve na vida de uma mulher da vida!” E estamos conversados! Nos mundos mágicos de meu Deus, onde ora Din Canga certamente habita, com sua alma alegre e vivaz, um dia nos receberá cantando: “Maria Helena és tu/ A minha inspiração/ Maria Helena vem ouvir meu coração/ Na minha melodia eu ouço a tua voz/ A mesma lua cheia há de brilhar por nós/ Maria Helena lembra do tempo que passou/ Maria Helena o meu amor não se acabou/ Das flores que guardei uma secou/ Maria Helena és a verbena que murchou ..”.
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