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Mensagem: Quantas e quantas vezes, no percurso da vida, paramos no meio do caminho e nos pomos a pensar. Fugimos do ego, saindo do agora, deixando que a mente recorra à memória, na busca do passado que queremos reviver. Foi o que fiz agora. Recostei-me na cadeira, frente ao computador, fechei os olhos e esqueci o agora. Nenhuma cena triste me foi trazida. A mente busca na memória a juventude despreocupada e descortina-se a cidade em vista panorâmica que nos enche os olhos. As ruas tranqüilas e cheias de sol fazem brilhar o paralelepípedo novinho em folha, recém colocado. Os olhos da saudade contemplam em lágrimas, as torres da catedral como braços erguidos aos céus, entoam hino de louvor ao repicar dos sinos. Sentado no pilar do cruzeiro, de costas para a pequena igreja, no alto dos Morrinhos, a Rua Melo Viana aparece-nos o seu início, vazia de povo. Vamos descendo e paramos em frente ao Cine Ipiranga para ver o cartaz que mostra Jonh Wayne novo, viril, de carabina nas mãos. Um filme de “cow-boy” que não esxiste mais. Vamos indo devagar paramos para amparar a menina que sai correndo da padaria, tropeça e cai, esparramando os pães pelo chão. É melhor comprar outros. Ela não tem mais dinheiro. Chora com mêdo. Compro outros e lhe entrego. O choro pára. Vou descendo devagar. Olho pra trás, não vejo mais a menina. Entrou em casa, não sei qual. Chego à margem da estrada de ferro e ouço o apito do trem. A cancela fecha; todo mundo pára. O trem passa devagar, arquejante, soltando fumaça. Na primeira classe uns gatos pingados; na segunda, lotação completa. São os baianos que vêm de São Paulo. Atravesso a praça da estação cheia de agenciadores de pensão cada um gritando mais que o outro. Entro na Avenida Francisco Sá. Paro e contemplo a estatua do ilustre filho do Brejo das Almas apontando para o sul. Mais em baixo encontro “seu” Natércio França e conversamos sobre o aera-clube. Vamos descendo devagar e chegamos à Catedral que está de portas abertas. Entro e ajoelho. Ao pé daquele altar majestoso, eu recebi uma mulher como esposa. Volto um pouco, dobro à direita e logo entro na Praça Dr. João Alves, atravesso e entrou no Grupo Escolar Gonçalves Chaves para falar com a Diretora, Prof. Marucas. Dali vou até o Instituto Norte Mineiro de Educação para encontrar-me com o Dr. João Luiz. O Instituto fica na esquina. Ali foi a casa de Dona Tiburtina que em 1930 levou Montes Claros ao noticiário nacional com o ataque que fez à comitiva do Vice Presidente Mello Vianna; Subi um pouco e entrei na Rua Bocaiuva e fui devagar até chegar à Praça Cel Ribeiro. Deu-me vontade de ir ao Hotel São Luiz, logo na esquina da Rua Dr. Santos. Não fui. Preferi descer a Rua para encontrar-me com Laerte na Tipografia David e de lá ir até o bar de Zé Periquitinho para comer um pastael com caldo de cana. Lá me encontrei com o Dr Oswaldo Antunes que acabava de comprar o Jornal de Montes Claros. Fui com ele até a redação, passando pelo escritório do dr. Orestes. Quando sai, passei rapidamente na loja de Waldir Macedo pra ver as geladeiras novas que haviam chegado. Desci a rua, passei pelo mercado e segui até a Loja Ramos na Rua Quinze e de lá passei pela Agencia da Panair onde conversei com Leopoldo. Desci mais um pouco e cheguei ao consultório do Dr. Hermes de Paula. Grande médico e historiador maior ainda. Não falamos sobre literatura nem história, mas, sobre o João Rebello time de futebol que virou Ateneu. Tomei café no Bar do Galo e cheguei até a Praça da Matriz. Contemplei o Palácio Diocesano. Pensei entrar para falar com Dom Victor Sartori, quarto Bispo de Montes Claros. Fiquei por ali mesmo. Foi quando o ego despertou e o agora apareceu. Acordei e agradeci à memória. (José Prates, 84 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)
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