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Mensagem: OS ÓCULOS DE ALARICO Nos dourados anos de 1964, fim do Romantismo e início da Dita Dura, falecia no Brejo das Almas o abastado fazendeiro da região Prata, Chico Lima. Alarico, emérito carcereiro local estava naquela fase de dar uma de autoridade e tomar todas as cachaças do mundo. Vivia rosnando que nem bicho felino. Inchava o tórax, andava de pernas abertas e por qualquer motivo “fofava” o Schmidt and Wesson 38. A galera local evitava o confronto com a suposta ‘ortoridade” municipal. Coisa de campesinos... Na hora do enterro do Chico Lima e à porta do campo santo, Alarico chegou cheio de goró e de razão. Postou-se exibidamente à frente do cortejo apoderando-se da alça da cabeceira do caixão, tomando o lugar que cabia aos parentes e aderentes do “de cujus”. Metido à valente e parrudo, foi puxando o séquito rumo à morada final, destino projetado de todos nós. Na hora de baixar o féretro nos sete palmos cavados na terra bruta, ele tomou a frente para cumprimento da tarefa final. Passou uma corda em volta do caixão, apoiando os pés um em cada borda da cova e foi curvando o corpo e, conseqüentemente, o ataúde rumo aos finalmente. Rosnou, gemeu,fungou, babou e chiou que nem lenha verde, face ao esforço despendido. Cumprida a tarefa tétrica e descomunal, endireitou o corpo e logo passou a emitir palavras de ordem: bafejos, interjeições e impropérios. Eis o falatório: - Tava mesmo na hora de você ir! Também já estava todo esculhambado e de pernas abertas! Não servia mesmo nem para enxergar direito! Vai para o fundo do poço, que é melhor! Os presentes estavam estupefatos e temerosos de se desencadear uma briga de socos e pontapés ali, naquele campo santo. Aí, um gaiato, que também estava com o pandú cheio de cachaça, chamou o carcereiro à razão. E disse: - Cê ta ficando doido, Alarico! Onde já se viu esculhambar com um defunto desse jeito? – Vâmo respeitar a memória de quem merece! Alarico esfregou os olhos e respondeu, em cima do pedido: “Eu estava esculhambando era com os meus velhos óculos aro de tartaruga, que caiu no fundo da cova na hora que me abaixei para descer o finado! Aquela porquêra deve estar todo quebrado por baixo do esquife do compadre Chico Lima!”
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