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Mensagem: 100 anos de “Amo-te muito” Haroldo Lívio O bardo João Chaves contou à filha Lola Chaves, curadora de sua obra musical e literária, que compôs sua obra-prima, a modinha “Amo-te muito”, no ano de 1910. Não se lembrava, contudo, da data precisa em que a produziu. Deixou de revelar a história da avassaladora paixão que o inspirou no ato de celebração de uma das maiores declarações de amor da literatura brasileira. Sendo poeta de escol e possuindo educação musical, uma vez que cantava em serenatas, dedilhava o violão e era insuperável ao tocar a flauta, sobrou-lhe inspiração para escrever a letra irretocável e ornamentá-la com uma melodia que cativa e enternece o público ouvinte. “Amo-te muito”, durante décadas, esteve reclusa às serenatas de rua e aos serões familiares, nos limites da vida social da acanhada Montes Claros do início do século XX, quando ainda não havia rádio nem a possibilidade de gravá-la, para preservar a autoria e tornar a preciosa peça lírica conhecida de todo o Brasil e Portugal, que também cultivava a modinha. Imagina-se sua primeira execução: o autor, rapaz de 25 anos, perdidamente enamorado da senhorita Julieta Guimarães, de família tradicional da cidade, em noite de luar embriagador e ao pé da janela da amada, cantando e se acompanhando ao violão. Imagina-se o encantamento da família da jovem diante dos apaixonados versos do trovador. A modinha, que teve no saudoso Telé Prates, o seu maior intérprete, somente ultrapassou os limites da cidade quando a musicista Marina Lorenzo Fernandez, grandiosa benfeitora de nossa cultura musical, ensinou a cantora lírica Maria Lúcia Godoy a interpretá-la e enriquecê-la com a maviosidade de sua bela voz. Daí em diante, o país inteiro pôde desfrutar da emoção dionisíaca de deleitar-se com a inenarrável beleza da canção de amor que honra o patrimônio artístico de Montes Claros. Empolgada, Maria Lúcia cita João Chaves, seu irmão Hermenegildo (Monzeca) Chaves, o maestro Carlos Gomes e o poeta luso Gonçalves Crespo, como os quatro maiores modinheiros. Ela expressou toda sua admiração pelo bardo, surpreendendo-o com uma serenata em sua porta, acompanhada das vozes do Madrigal Renascentista, em noite alta de céu risonho. Andaram tentando fraudar a autoria, por esperteza ou falta de informação, como na apreensão de um disco que dava o nome do maestro Camargo Guarnieri como autor. Realmente, deve ter sido o arranjador, e houve algum equívoco da gravadora. Tudo esclarecido, “Amo-te muito” seguiu a escalada de sucesso absoluto, divulgando a opulência da cultura montes-clarense. Vieram as gravações de Nara Leão, do curvelano Luís Cláudio e de outros cantores de prestígio nacional. A televisão a divulgou como fundo musical da novela Rei do Gado, em horário nobre. Em 1962, foi aproveitada para trilha sonora do filme Rebelião em Vila Rica. O cinema voltou a valorizá-la em outro filme, Jardim de Guerra, e foi peça de confronto em festival de seresta realizado em Ouro Preto, em 1967. O centenário de “Amo-te muito” merece ser lembrado por tudo que ela significa como expressão de nosso sentimento lírico, por ser um marco inapagável da arte local e estar consagrado como hino nacional da seresta. (Do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros)
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