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Mensagem: Criminalidade endêmica Waldyr Senna Batista O mês que está terminando ficará na história de Montes Claros como o mais sangrento dos últimos tempos. Sem contar os casos que podem estar acontecendo na virada deste fim de semana eleitoral, foram sete as execuções sumárias registradas, o que eleva para 70 o número de crimes violentos até agora praticados na cidade neste ano. Trata-se de um número alarmante, mas as autoridades policiais da cidade divergem quanto à interpretação dos fatos. O delegado Aluizio Mesquita, chefe da Policia Civil, é de opinião que não houve aumento da criminalidade, fazendo-se necessário apenas implementar medidas pontuais de repressão qualificada para que se assegure o controle da situação. Ele não admite que a soltura de 30 presos, autorizada pelo mutirão carcerário recentemente realizado, tenha ligação com os fatos recentes. No que é contestado pelo comandante da Polícia Militar, coronel Franklin de Paula Silveira, que atribui a essa medida o crescimento do número de crimes violentos ligados ao tráfico de drogas. Ele toma por base levantamento do setor de inteligência da PM, que classifica esses detentos recolocados em circulação como sendo membros de facções criminosas, usuários de entorpecentes e autores de vários outros delitos. A população,aterrorizada, tende a concordar com o oficial da PM, devido ao visível agravamento da situação de insegurança sentida na cidade, que recomendaria prender e não libertar presos. A impressão que se tem é que, de certa forma, a polícia tem adotado tratamento quase burocrático diante das execuções que se multiplicam, limitando-se a atribuí-las, invariavelmente, ao tráfico de drogas, sem identificar os autores desses crimes. Raramente há notícia de prisões e não se recorda de nenhum caso que tenha chegado ao tribunal do júri. Quanto às drogas, registre-se que a Polícia conseguiu prender os principais chefes do tráfico, embora haja indícios de que eles comandam o crime do interior do presídio. A exceção fica por conta de homicídio praticado na semana passada, no bairro Morada da Serra, no local ironicamente denominado de “recanto do paraíso”, onde se realiza pagode em fins de semana. No local, foi preso o principal suspeito de haver disparado dez tiros contra o “gerente de tráfico de drogas”, assim denominado no noticiário da imprensa. Trata-se de atividade cuja existência era desconhecida na cidade, sendo de supor que o “profissional” que a exerce porte, além de armas, cartão de visita, e até se inscreva no SINE quando estiver desempregado. O suspeito foi preso quando tentava escapar, e o crime foi praticado em pleno pagode, onde se encontravam dezenas de pessoas. A Organização Mundial da Saúde, órgão da ONU, considera que a violência torna-se endêmica quando há registro superior a 10 assassinatos por grupo de 100 mil habitantes. Tomando-se por base esse parâmetro, estabelecido por órgão de credibilidade internacional, e considerando população de 363 mil habitantes, a média tolerável de crimes violentos em Montes Claros seria de 36. Está com praticamente o dobro. A esperança é de que, com a eleição de amanhã, o problema da violência no País seja eliminado. Pelo menos, há compromisso reiterado pelos dois candidatos à presidência a República, de que vão coibir o tráfico de drogas. Ambos entendem que, para isso, bastará fechar as fronteiras do Brasil com Bolívia, Colômbia e Paraguai. Dilma Rousseff preconiza o uso de avião não-tripulado no policiamento das fronteiras, enquanto José Serra promete a criação do Ministério da Segurança Pública, que, além de guarnecer as fronteiras, cuidará da repressão interna. Ninguém havia pensado que fosse tão fácil... (Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil)
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