Este espaço é para você aprimorar a notícia, completando-a.
Clique aqui para exibir os comentários
Os dados aqui preenchidos serão exibidos. Todos os campos são obrigatórios
Mensagem: Lágrimas de saudade Dia 02 de novembro de 2010. Fui a São Francisco, minha terra natal, para cumprir o dever filial de visitar, no Cemitério da Saudade, o jazigo onde meus pais, Brasiliano e Maria Augusta, dormem o sono da eternidade. Com as mãos sobre o jazigo, conversando com eles, não me foi possível reter as lágrimas silenciosas que tremiam em meus olhos, lágrimas de saudade dos felizes anos em que juntos vivemos nossas vidas. O mausoléu estava limpo, bem cuidado, obra possivelmente de Fátima, esposa de meu filho Brasiliano Neto, ou de minha filha Maria Helena, que residem em São Francisco. Não sei onde se encontram sepultados os meus avôs paternos, João e Ana. Possivelmente em Brasília de Minas. Não sei. Durante a minha conversa silenciosa com meu pai, lembrei-me vagamente deles, de meus avôs paternos, que não conheci. Memorei a coragem de terem dado um filho de sete anos a um desconhecido. Vou tentar resumir o que meu pai contava e que prendia a minha atenção. João e Ana estavam acampados com os filhos à margem da estrada cavaleira que ligava o arraial de Sant’Ana de Contendas, hoje próspera cidade de Brasília de Minas, à cidade de São Francisco, ainda conhecida como Pedras dos Angicos. Era o dia 09 de junho de 1904. Naquele dia o menino Braz, filho mais novo de João e Ana, completava sete anos, mas ninguém havia se lembrado da importante data. Família pobre não se dava ao cuidado de guardar datas. Era apenas mais um dia a ser vencido na luta pela vida. De regresso de uma viagem necessária à vila de Contendas, por ali passou no início daquela fria manhã o coronel João Maynart com sua comitiva. Protegendo-se do frio, os cinco filhos de João e Ana estavam acocorados ao redor do fogo, que tinha sido acesso na noite anterior. O coronel João Maynart montava um belo e fogoso cavalo castanho estrelo, de crinas longas e pretas, que chamou a atenção dos meninos, que se levantaram e se postaram à margem da estrada, para ver passar a comitiva daquele rico homem. Por simples curiosidade, o coronel João Maynart moveu as rédeas de sua montaria e parou no meio da estrada a olhar para aquela família de desamparados. Os camaradas que o acompanhavam também pararam. João e Ana aproximaram-se dos meninos, apreensivos. O coronel João Maynart perguntou, dirigindo-se a João. - Você é o pai desses meninos? - N’nhor, sim. - Onde vocês moram? - A gente tá a procura de agregação. - Não sou daqui, não. Tou voltando pras Pedras, mas se você me der um dos meninos eu levo. - João olhou para os filhos famintos. - Vosmecê pode levar o Braz, aquele ali – disse apontando para o menino. - Braz? - É o nome dele. Ele nasceu sem nome e a comadre Minervina, madrinha dele, inventou esse nome. - Mande ele apanhar as coisas dele. Eu levo o menino. - Ele só tem essa roupa do corpo. Tem nada mais, não. Vinte anos depois, já senhor de seus próprios atos, Brasiliano Braz retornou a Brasília (que ainda não era de Minas) reatando as ligações com seus irmãos. Tornou-se líder da família e, com o passar dos anos, líder político de São Francisco, cidade que governou com mão forte durante anos, fazendo-me lembrar de José, filho de Jacó, de que nos fala o Livro do Gênesis, no Antigo Testamento.
Trocar letrasDigite as letras que aparecem na imagem acima