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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: Missão cumprida Manoel Hygino dos Santos Aos 62 anos, Fernando Zuba partiu, sepultado no Bonfim, antes que o dia de Finados chegasse. Era o de Todos os Santos, zelosamente cultuado em nossa terra em tempos de profunda religiosidade. Passou o jornalista pela carreira, marcada por suas virtudes como programador visual privilegiado e primoroso texto. Jovem, chegou a Belo Horizonte e, irrequieto e travesso, era o furor das redações, a que ateava o fogo de brincadeiras e peraltices, que não apraziam suas vítimas, mas causavam alegria certa aos demais repórteres. Tão prematuramente, porque o futuro lhe reservaria mais realizações, partiu para a longa viagem, neste 2010, antes até que o Finados alcançasse as folhinhas. Cumpriu aquilo que seria o objetivo do homem: teve um filho, um único filho; escreveu um livro, um único livro; mas plantou muitas árvores em seu sítio no município de Lagoa Santa, onde se recolhia da refrega cotidiana. Celso Fernando Ferreira Zuba manteve uma extensa guerra contra o diabetes e insuficiência renal crônica, inclemente nos últimos seis meses de vida, quando não mais sequer via e pouco ouvia, submetido a diálise e tratamentos na Santa Casa de BH. A outra guerra foi a que cobriu em 1992, talvez o único mineiro presente, então no arquipélago das Malvinas, nos curtos mas violentos embates entre ingleses e argentinos. Há de se enfatizar que a Guerra das Malvinas foi seguramente um dos conflitos mais controlados à Imprensa de todos os tempos, como avalia Paula Fontenelle em livro. E Zuba estava lá. Então, o Ministério de Defesa do Reino Unido autorizou a participação de um número sobremodo limitado de jornalistas, todos britânicos. A primeira-ministra Margareth Thatcher reconheceu que não queria profissionais estrangeiros. Foram submetidos os ingleses a duras restrições quanto ao que poderia ser veiculado. Nenhuma imagem de TV, e a censura foi imposta. No dia do sepultamento do jornalista mineiro, Thatcher, enferma há dias, mal conseguiu chegar às escadarias de sua residência no elegante bairro londrino de Belgravia para as festividades de seus 85 anos. Durante o conflito, uma emissora tentou usar uma tarja com o vocábulo ´censurado´ em suas reportagens, mas a proposta foi indeferida por Londres. Exigiu-se que a Imprensa se referisse às tropas com o pronome ´nós´, o que foi recusado e provocou suspense. Em 14 de junho de 1982, a dama de ferro fechou o certo em torno de notícias. Por nove horas, não se enviaram quaisquer informações para Londres. Margareth queria anunciar a vitória pessoalmente. O objetivo foi alcançado. Thatcher, cujo nível de popularidade estava em 24%, saltou para 60%. Fontenelle observou: a guerra foi curta, popular e bem sucedida. Concluída, Fernando Zuba voltou a BH para escrever sobre aquilo a que assistiu. É um relato fiel aos acontecimentos e à época. Um trabalho de bom repórter, com excelente texto. Um válido testemunho sobre episódio grave na história do século XX a que um jornalista brasileiro compareceu com coragem e se desincumbiu da missão com competência.

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