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Mensagem: Pequizeiro e pequi, presentes do cerrado José Prates Petrônio Bras, na mensagem 63680 no “moc.com”, começa falando em umbuzeiro e depois conta a lenda do pequi. São duas frutas que marcaram a minha infância e juventude nos montes claros, então, perdidos no alto sertão mineiro. Há, porém, tanto tempo que não vejo essas frutas, principalmente o umbu, que nem me lembro mais o seu gosto. O pequi, nem tanto, porque ano passado, duas famílias amigas enviaram-me um pacote desses caroços. Agradou-me o presente, mas, de minha casa, apenas eu e a esposa o aproveitamos. Os outros, filhos e netos, nem chegavam perto. Um dos netos tentou comer, mas, desistiu ao sentir o espinho na língua. Quando era criança, gostava do “tempo de pequi” e saia cerrado adentro, junto com outros meninos, para apanhá-los e aproveitava para apanhar pitomba e jatobá. O pequizeiro é do mesmo tipo do sertanejo, resistente e teimoso. Cresce e frutifica apesar da hostilidade da terra e dos homens. Enfrenta as intempéries e produz seus frutos que alimentam gente e animais que correm para os pés, atraídos pelo cheiro forte da fruta madura, caindo ao chão. O pequi, como o peixe dos rios, as aves do céu, os frutos silvestres, não tem dono: ninguém o plantou; ninguém o cultivou. É obra da natureza em socorro de quem não tem o que comer na pobreza do cerrado. Dono é quem foi lá e os catou no chão, à sombra do pequizeiro, enchendo o cesto e levando pra casa. Quando o pequi começa a soltar-se dos galhos, caindo em baixo das arvores, o cerrado entra em clima de festa com dezenas, até centenas, de mulheres, homens e crianças de cesto na mão, “catando pequi”. A noticia corre e o cerrado fervilha de gente que vem de toda parte como cardume correndo pra isca. Um pequizeiro pode produzir até mil frutos que vão amadurecendo devagar e caindo para alegria do povo e dos animais. Quem chega mais cedo, tem mais vantagem, colhendo mais frutos de um só pequizeiro. Quando está chegando o fim da safra, muitos apanhadores chegam bem cedinho, antes dos outros para garantirem o abastecimento. Usam inclusive de artifício. Na minha infância, conheci um homem, que se chamava Manoel e era mais conhecido por Manézinho de Lola; morava nos arrabaldes da cidade, pro lado do Alto de São João, acho que chegando ao aeroporto velho, não me lembro bem; vendia pequi no mercado. Diziam que ele no final da safra, para amedrontar os catadores do fruto, imitava as pegadas de uma onça nas proximidades dos pequizeiros, afugentando quem cegasse. Uma vez eu lhe perguntei se era verdade que fazia isto. Ele negou dizendo que as pegadas eram verdadeiras, de sussuarana que vivia no cerrado e ficava ali, na espreita da sua caça que fosse comer o fruto. Além da polpa amarela do pequi, com seu sabor e aroma marcantes que agora tem uso diversificado na culinária, principalmente no norte de Minas e sudeste da Bahia, tem, também a castanha com a coloração branca e um gosto exótico que não sei a que comparar. Seu valor nutricional, segundo informações que obtive através de estudos que fiz a respeito, foi pesquisado pela bióloga Fátima Oliveira Bozza da Universidade Católica de Goiás, que chegou à conclusão de que a castanha é rica em zinco e iodo alem de conter cálcio ferro e manganês. Pelo que eu li a respeito da pesquisa, a bióloga Fátima explicou que o aproveitamento da castanha do pequi é posterior ao da polpa, significando que um e outro não são concorrentes, mas complementares. ´Pode-se usar o pequi das formas tradicionais, cozinhá-lo no meio do arroz ou do frango, e depois aproveitar sua castanha”. Precisamos é de criar esse novo hábito: em vez de jogar os caroços fora, reaproveitá-los. Eu me lembro que deixávamos o caroço secar ao sol para depois abri-lo e tirar a castanha. A crença era de que evitava a gripe o que é confirmado pela pesquisa da bióloga. Na opinião da pesquisadora, e eu como muita gente concorda, é que o maior entrave ao aproveitamento da castanha do pequi é a desinformação. ´Jogamos fora um alimento de alto valor nutricional e que tem grande potencial de comercialização´, afirma. Segundo ela, na Bahia os pequenos agricultores e os extrativistas já estão comercializando a castanha do pequi mas somente mas somente em feiras e outros locais de comercio informal, faltando, portanto, um aproveitamento industrial. Devagar, chega-se lá. (José Prates, 84 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)
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