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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: José Luiz Barbosa e a ´Menina de Salinas´ Fantástico tocador de violão, contador de piadas, leitor voraz de bons livros, segundo marido de nossa querida “tia” Antônia Veloso, de nossa Escola Normal, sempre elegante, lá vai meu querido José Luiz Veloso, de terno, gravata e chapéu. Pai, dentre outros, de Osmane Barbosa, Coró, Chiquito “Moréia”, Tereza e Silvinha, frequentava minha casa, na Presidente Vargas, porque amicíssimo de meu pai. Era mais assíduo, no entanto, na Agência Lotérica “A Preferida”, de meu avô materno, Donato Quintino. Gostava muito também do bar de “seu” Tito dos Anjos. Uma vez, sentados em cadeiras, no passeio da agência, ele, seu Mundinho Dias e meu avô, já bem velhinhos, foram surpreendidos, em suas visões obnubiladas por cataratas, com a imagem de três lindas moças, desfilando na Rua Quinze. Mexeram com elas, jogaram piadas sutis, fizeram fius-fius e, depois, levaram a maior bronca. Eram Tereza Dias, Silvinha e minha mãe. Incrível coincidência. Uma filha de cada um deles. Iara Tribuzzi, grande escritora, autora de “Menina de Salinas”, neta por afinidade, gostava muito de Zé Luiz e lhe dava o braço, passeando por nossas ruas. Explico: Iara é filha de D. Wanda, que é filha de “tia” Antônia”, no seu primeiro casamento com José Versiani dos Anjos. Iara contou-me duas histórias interessantíssimas. Vamos a elas. Num certo domingo, indo à missa com familiares, ao atravessar a Praça da Matriz, Zé Luiz comentou: – Gosto muito mais de missa que não demora tanto, daquelas em que o padre dá três gemidos e acaba. Depois da celebração, do saudoso Padre Dudu, subindo a Dr. Veloso, antes de cruzar a Governador Valadares, ainda com os parentes, Zé Luiz deu uma paradinha e decidiu enfático: – Olha, gente, já rezamos demais por hoje. Padre Dudu tomou lá a bebida dele e nem nos ofereceu. Então, vocês me dão licença que eu vou ali no Tito tomar a minha. Bastante idoso, Zé Luiz já andava devagarzinho, quase arrastando os pés ao chão. Uma vez, durante sua costumeira ducha matinal, ainda debaixo do chuveiro, gritou à filha: – Acode, Tereza, estou paralítico! Tereza, preocupada, chamou Coró para ajudá-la. Encontraram o pai trêmulo. Fecharam a torneira e constataram que ele se esquecera de tirar os chinelos, daqueles fofos, antigos, que, molhados, se tornavam pesados que nem chumbo. Figuras como José Luiz Barbosa e “tia”Antônia Veloso se eternizaram na memória de nossa aldeia, como exemplos marcantes de dignidade humana, do querer bem aos conterrâneos e do amor à vida. E como eles fazem falta neste nosso mundo tão louco, intolerante e “cheio de ausência de amor”, como diria o também imortalizado Henrique Chaves!

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