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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: O fundador de jornais Haroldo Lívio Ele deve ter lido jornal, pela primeira vez em sua vida, na escola de sua avó materna, dos Cavalcanti, onde foi alfabetizado e encaminhado para o universo das letras e dos números. Lá no ermo onde nasceu, nos Gerais de São Felipe, imperava a lei do mais forte, e ele aprendeu, muito cedo, a lutar contra a adversidade que o destino coloca no caminho de quem quer crescer e subir na vida. Foi, desde pequenino, prestando atenção no mundo que o rodeava, nas pessoas, nos animais, na natureza madrasta. Dessa observação, nasceu o sonho de alterar o rumo traçado para sua caminhada na vida. Teria de ser, inevitavelmente, fazendeiro, proprietário de vastas extensões de terras, onde engordaria o gado e exerceria o domínio senhorial, sucedendo ao avô Teodoro do Condado e ao pai Adelino, que derrubaram a mata e semearam o capim colonião. Décio Gonçalves de Queiroz, que chegou ao marco dos oitenta anos, no dia 21 de novembro passado, ao completar dezoito anos de idade, em 1948, tomou a decisão heróica de mudar o rumo traçado para sua sina, de ser fazendeiro nos Gerais de São Felipe. Mudou-se para a cidade, para aprender mais do que pôde ensinar a avó nordestina e adquirir instrução para exercer o mister do jornalismo. Desde o momento em que se matriculou na primeira série ginasial, no Instituto Norte-Mineiro de Educação, do Dr. João Luiz de Almeida, ele decretou que seu futuro era ser jornalista, fundador de jornais, como realmente procedeu e deixou para trás os campos natais, das invernadas, dos cantos de aboio, das cavalgadas debaixo do sol e da chuva. Procurou espaço mais amplo para realização de seu projeto pessoal e pegou o trem para São Paulo, querendo recuperar o tempo da juventude que passou fora dos bancos escolares, no batente da produção rural, levando sua transferência para o Colégio Independência. Lá chegando, viu que o colégio não tinha jornal, como imaginou que tivesse, e cuidou de fundar seu primeiro jornaleco, O Independente. Estava ungido e sacramentado jornalista. Podia até se considerar colega de Assis Chateaubriand, sendo fundador e proprietário de um órgão de imprensa, que fatalmente deve ter expirado por falta de anunciantes. Em seguida, teve a grande oportunidade de adquirir tirocínio profissional, no período em que trabalhou na redação das Folhas. A maré baixa o trouxe de novo para o nosso meio e para o seio da família, num momento em que sua presença era indispensável no lar paterno, em face da perda do chefe. Aqui instalado, retomou os estudos, no curso científico, e fundou o segundo jornal de sua vida, a Tribuna do Estudante, onde o conheci e publiquei minha primeira matéria assinada. (Muita ousadia para um “foca”). Era 1956. Preciso dizer que o jornaleco faliu e obtivemos asilo, eu, ele e Lúcio Benquerer, no O Jornal de Montes Claros, do jornalista Oswaldo Antunes, onde já encontramos Waldyr Senna Batista na reportagem política. Sempre fundando e, às vezes, afundando, por culpa dos anunciantes, Décio participou, no ano de 1960, da fundação da Revista Encontro, que preencheu uma fase gloriosa da história de nossa imprensa e circulou durante quase dez anos. Em 196l, salvo engano, ele se associou ao talentoso Júlio César de Melo Franco para dotarem a cidade de mais um órgão de primeira linha, o Diário de Montes Claros, ao qual dedicou os melhores anos de sua vida e consolidou seu conceito de jornalista sério e comprometido com o bem público É claro que se realizou como pessoa, principalmente se casando com sua querida Chichica e constituindo bela família. Concederam a mim e à minha esposa, Maria do Carmo, a honra de levar à pia batismal o pequenino Cláudio. Daí para frente é o repouso do guerreiro, que deu por cumprida sua missão de fundador de jornais e retornou ao ponto de partida, no campo, e hoje repete as vidas de Teodoro do Condado e Adelino, na labuta da cria, recria e engorda de bovinos, na comarca do Brejo das Almas, com o entusiasmo de quem, finalmente, descobriu sua verdadeira vocação: o pastoreio do gado. O confrade e compadre voltou a ser boiadeiro e está por demais felicíssimo.

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