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Mensagem: OS LIVROS DE RUTH TUPINAMBÁ CONDUZEM-NOS ÀS RELÍQUIAS DO PASSADO José Prates “Quando o carteiro chegou e meu nome chamou” com um pacote na mão, percebi de imediato que era o livro que a historiadora Ruth Tupinambá estava me enviando. Não era um livro. Eram dois: “Montes Claros era assim” e “Montes Claros eterna lembrança”. Passei os olhos rapidamente e os guardei para leitura à noite, junto com Afra. Encantou-me a leitura. Maravilhoso o poder da escritora em nos transmitir toda a beleza e romantismo da cena que ela descreve. Perfeito, gostoso de ler, parece-nos ouvindo, não lendo, o diálogo com palavras simples e tom brejeiro das comadres na Igreja Matriz, depois de asistirem à “coroação”. Lindo! É filosofia às enxurradas! A simplicidade e naturalidade das comadres pobres falando das mulheres ricas é porque freqüentam o mesmo ambiente, sem restrições. Era a democracia que se praticava naturalmente, no Montes Claros do passado. São cenas tão bem descritas que têm a capacidade de nos transportar àquele tempo, fazendo-nos viver cada momento com a mesma intensidade emocional que produziram ontem, nos que o viveram. A chegada da primeira locomotiva, a “Maria fumaça” que o montesclarense não conhecia: “E num dia bonito de setembro de 1926 uma locomotiva apitava estridentemente, soltando baforadas de fumaça anunciando que a Estrada de Ferro Central do Brasil estava chegando à nossa terra.” Eu volto no tempo e vivo o meu primeiro emprego público: agente da Central do Brasil, lotado em Montes Claros. Foi quando conheci Afra, minha esposa há longos e longos anos. A mãe dos meus filhos; avó dos meus netos e bisa-avó dos meus bisnetos. Foi na estação que a conheci quando, junto com as amigas, vinha para assistir à chegada do tem. Eu me lembro da velha locomotiva a carvão que soltava seu apito longo quando entrava na Rua Bocaiuva, Eu, jovem de 22 anos, em uniforme azul-marinho, de bandeira na mão, sinalizava permitindo a entrada do tem que atravessando devagar a Melo Viana, ofegante parava na Estação. Essa lembrança que me comove é o livro de Ruth que me traz. “As nossas recordações da infância são como lindos brinquedos que possuimos e que, por descuido, caíram de nossas mãos e se quebraram, ficando para sempre guardados como lembranças queridas, em nossos corações” Eu digo que as nossas recordações do passado, da infância ou alem foram brinquedos que caíram e quebraram, mas, vivem intactos em nossa mente e quando resgatados pela lembrança, nós os vivemos intensamente com a mesma emoção de ontem. Os livros de Ruth têm o poder de promover esse resgate e nos conduz ao jardim de nossa infância; aos sonhos da juventude e às ilusões da adolescência. É gratificante porque o passado é uma relíquia que a mente guarda com carinho. Quando retirada do relicário, nos faz vivê-la, afastando o hoje para entrada do ontem, onde nos mergulhamos plenos de alegria ou em lágrimas de tristezas. Recordar é viver, mas, na agitação dos nossos dias, na vida que nos preparamos para atender ao que a modernidade nos exige, não nos permite tempo para parar num canto, fechar os olhos e buscar o passado no recôndito da mente. Ai, então, vem Ruth com seus livros que nos arrancam das aflições do dia-a-dia, fazendo-nos parar e ouvir as suas histórias que soam como cantos de ninar, fazendo-nos dormir e viver em sonho todos os momentos bonitos desse passado que os livros nos trazem. Obrigado Ruth, minha amiga! Muito obrigado pelo presente. Você é um exemplo vivo de inteligência invulgar e disposição para a vida; um motivo de orgulho para todos nós montesclarenses. (José Prates, 84 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)
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