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Mensagem: NA PRAÇA DA ESTAÇÃO JOSÉ PRATES Perguntar quem não se lembra da velha Praça da Estação, é perder tempo. A maioria das pessoas que hoje vivem em Montes Claros, sequer conheceram a velha Praça rodeada de pensões pra receberem as centenas de retirantes do nordeste que o trem jogava na plataforma, quando chegava de Monte Azul. Pernoitavam, sabe Deus como ou onde, para no dia seguinte prosseguirem a viagem pra São Paulo, no aperto de uma segunda classe. Na gare da estação, os agenciadores disputavam aos gritos os nordestinos que iam aparecendo de malas na mão ou sacos às costas, procurando abrigo para o descanso de uma noite. Outro tanto ficava ali mesmo na plataforma, num amontoado de gente em completa promiscuidade. A praça não era pavimentada, a poeira vermelha levantava com a passagem dos carros que vinham da Melo Viana, buscando o centro, cobrindo aquele povo amontoado na estreita plataforma. Francisco Sá, o sertanejo de Brejo das Almas, que foi Ministro da Viação de Arthur Bernardes e trouxe a ferrovia, está ali em estátua de braço erguido apontando para o norte, como se dissesse ao retirante: “voltem, porque lá é o seu lugar”. A Rua Melo Viana que começa na Praça era movimentada com muita gente transitando, indo e vindo dos morrinhos que ficavam perto. Alem do Cine Ipiranga como diversão, tinha, também, uma espécie de boate que funcionava à noite com freqüência de “mulheres da vida”, que atraiam a freqüência de uma juventude ávida de “amores”. Logo no inicio da rua, ainda na Praça, estava a sede do Tiro de Guerra, TG 87 de saudosa memória pra muita gente. Quem lá esteve e ainda vive, não deve ter se esquecido do Sargento Moura com seu uniforme de gala, no desfile de Sete de Setembro quando o Tiro, com o pavilhão nacional sob a guarda de seis atiradores de fuzil ao ombro, iniciava o desfile, sob o comando do Sargento. O desfile começava na Praça da Matriz, local da concentração, encabeçado pelo TG, seguido pela Escola Normal com as jovens de uniforme azul e branco, colorindo o ambiente festivo. Os colégios e grupos escolares vinham logo depois com os alunos pisando firme no calçamento irregular das ruas centrais. O rufar dos tambores ecoava longe e as calçadas enchiam de povo, de bandeirinhas na mão, aplaudindo a imponência do desfile. Ao final, entrava na Avenida e terminava na Praça da Estação, em frente ao Tiro de Guerra. Ao comando do Sargento, perfilavam-se e entoavam o hino nacional, sob aplauso do povo que os aguardava. A Avenida Francisco Sá, a mais larga da cidade, começava ali, na Praça da Estação. Bonita, com canteiros ao centro, descia até a catedral. No início da avenida, estavam a residência de “seu” Natércio, pai de João Leopoldo, logo abaixo da primeira Igreja Protestante instalada na cidade, cujo pastor, um norte-americano, conseguia arregimentar fiéis. Nessa igreja existiam instalados alto-falantes que traziam aos transeuntes o som agradável das musicas sacras o que, naquela época, não era comum. Descendo sempre, ia chegar na Praça de Esportes cercada de fixos. É difícil esquecer esse pedaço da cidade, esse ponto favorito não só dos aficionados do esporte, mas, de muita gente que buscava ali momentos de tranqüilidade aconchegadas à natureza, ao som do canto dos pardais. Praça de Esportes... o que foi feito dela? Descendo pela Avenida Francisco Sá, dobrando na primeira esquina, não me lembro o nome da rua, chegamos à Praça do Grupo Escolar Gonçalves Chaves. Ao centro da praça um cruzeiro onde os devotos acendiam velas ou depositavam dinheiro em cumprimento de promessas, quase todas pedindo chuva. Logo na outra esquina, ali mesmo, estava o Instituto Norte Mineiro de Educação que todo mundo chamava, apenas, de Instituto. Uma obra do dr. João Luiz de Almeida que teve o concurso de grandes mestres como o Prof Márcio, ex seminarista, um competente professor de portugues. O Instituto foi o berço de grandes nomes da intelectualidade montesclarense, alguns ainda conosco como Wanderlino Arruda. (José Prates, 84 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)
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