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Mensagem: “Apagão” de Natal Waldyr Senna Batista O “apagão” deste Natal em Montes Claros, por paradoxal que seja, lança luzes na crise da Prefeitura, e rompe tradição de cerca de 40 anos. Nesse período, houve ocasiões em que foi preciso lançar mão da parceria com o setor empresarial lojista, diretamente beneficiado pela ornamentação das praças e ruas centrais. E seria de imaginar que o recurso se repetisse neste ano, ainda mais que, à frente da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Tecnologia, encontra-se o empresário Edgar Santos Filho, ex-presidente da CDL ( Câmara de Diretores Lojistas). Essa condição facilitaria o entendimento, e ele, que costuma ser citado como pretendente a cargo eletivo, contaria pontos preciosos. Mas não é esse o caso. Aqui se trata da crise financeira que tem impedido a Prefeitura de desenvolver atividades corriqueiras, como essa de iluminar praças. Ela não existia quando se iniciou a atual administração. Ou, pelo menos, não foi mencionada, contrariando o que se tornou habitual no Brasil quando candidatos de oposição assumem o poder, que é denunciar a chamada “herança maldita”. Se o prefeito Luiz Tadeu Leite nada disse, depreende-se que não se sentiu prejudicado, apesar dos “restos a pagar”, saldos de salários e dívidas junto a fornecedores que encontrou. Reunido com a imprensa no decorrer desta semana, ele atribuiu a crise ao empreguismo, admitindo que se deu de forma desorganizada e praticado “por várias mãos”. Está tentando agora por ordem na casa, mediante demissões e a não renovação de contratos. Seja qual for a explicação, o certo é que a atual administração municipal, ao concluir seu segundo ano, ainda não se encontrou. Sequer conseguiu formar secretariado estável. Nesse curto período, há pastas vagas e outras comandadas cumulativamente por interinos. A Secretaria da Fazenda, que é o ponto nevrálgico de qualquer Governo, está no seu terceiro ocupante, o que dá média de um secretário para cada oito meses. Essa rotatividade indica fragilidade da base de sustentação da administração, que tenta tapar buracos(não os das ruas) até na Câmara Municipal, onde desfrutava de unanimidade. Sintomaticamente, tudo se complicou a partir do momento em que o prefeito decidiu patrocinar a candidatura do seu filho à Assembléia, deixando falando sozinhos companheiros que o ajudaram a ganhar a eleição: Gil Pereira saiu e está “pedindo desculpas” aos seus eleitores por ter firmado a aliança para a eleição; a vice-prefeita Cristina Pereira foi alijada do sistema e impedida de despachar na Prefeitura; o vereador Atos Mameluque, candidato a deputado estadual, depois de muitos serviços prestados, foi preterido e não disfarça sua insatisfação; e Wilson Cunha, candidato a deputado federal, que, como se costuma dizer, “dava as cartas” na Prefeitura, rompeu dias antes da eleição. O prefeito conseguiu eleger o filho, que obteve mais de 50 mil votos, mas praticamente inviabilizou sua administração. Politicamente, encontra-se isolado. A derrota do seu candidato a governador, Hélio Costa, tumultuou ainda mais seus planos, situação que não melhora em nada com a adesão do PMDB ao governo Anastasia, que já era esperada. E, diante desse quadro, como procede a oposição? Resposta: ela não existe. Gil Pereira, no momento, ´só pensa naquilo”, isto é, tornar-se secretário estadual, relegando a oportunidade de assumir a chefia da oposição com vistas à eleição de 2012; Athos Avelino parece conformado com a inelegibilidade e não se pronuncia; Jairo Ataíde, que aderiu ao desafeto virulento, ficou sem discurso; Rui Muniz tenta fazer decolar seu Funorte FC, até no “tapetão”, na esperança de com ele chegar à Prefeitura; e Humberto Souto se recolheu em Brasília, à espera de ser convocado. Assim, o quadro político municipal não muda. O que muda é o Natal - como indagava o velho Machado – pois perdeu o brilho das luzes que faziam a beleza das ruas e das praças. Sem as luzes, pelo menos dá para disfarçar os buracos das ruas, se isso servia de consolo... (Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil)
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