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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 4 de maio de 2024
 

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Mensagem: O menino da anilina Manoel Hygino - Jornal ´Hoje em Dia´ Amigo e confrade na Academia Mineira de Letras, de laços com amigos vivos ou já na pátria das almas, Danilo Gomes, jornalista, poeta e prosador, bom de escrita e coração, não esquece, nem deixa o tempo esquecer.. No finalzinho de janeiro, para prová-lo, enviou-me exemplar do ´Correio Braziliense´, do dia 27. Anunciou, em carta de próprio punho: ´Vai aí página inteirinha sobre seu ilustre conterrâneo Darcy Ribeiro. Com direito a chamada de capa. Viva Moc!´ Na capa do Diversão e Arte, o repórter Severino Francisco informa da publicação Já liberada, de coleção de dez volumes de bolso, sobre Darcy, pela Editora UnB, Fundação Darcy Ribeiro e Ministério da Cultura. O lançamento se deu naquela data no Memorial Darcy Ribeiro, na Universidade de Brasília. Na seleta, o polêmico brasileiro conta seu princípio: ´Montes Claros, que nós, os de lá, gostamos de chamar carinhosamente de Moc, fica no norte de Minas. Por muito tempo esteve mais ligada à Bahia, daí que minha gente fale com sotaque baiano, dizendo ´dezoitxo´. O repórter, porém, entra fundo no tema. Relata que, quando criança, Darcy ouviu um farmacêutico dizer que a anilina podia pintar de azul o Oceano Atlântico. O fedelho ficou com a imaginação eriçada. Furtou um pacote de anilina, convocou um amigo e resolveram jogar o produto num reservatório de água que abastecia a cidade. E quedaram ambos, na ansiosa expectativa. No dia seguinte, quando as donas de casa abriram as torneiras de suas casas, ficaram apavoradas com a água azul que jorrava, passando a orar a Deus para que esconjurasse o suposto sinal do Apocalipse. O menino virou rapaz, amadureceu, mas continuou fazendo surpresas com ideias e traquinagens intelectuais. Darcy viveu com os kadiueu no Oeste brasileiro. Quando me enviou um livro sobre a tribo que perdia a identidade nos sertões do Oeste, comecei a interessar-me pelo conterrâneo que não temia as consequências de seus malfeitos infantis, nem de conviver com uma gente que se destruía. Anos após, escreveu: ´Aos poucos, com a acumulação das experiências e vivências, os índios me foram desasnando, fazendo-me ver que eram gente(...). Gente mais capaz que nós de compor existências livres e solidárias´. Darcy Ribeiro viveu em torno de dez anos com os habitantes da terra que Cabral inventou. Eles já estavam aqui e o menino da anilina soube entender e sentir os irmãos mais velhos do território de Vera Cruz. O homem Darcy não era de fingimentos, a não ser fazendo de conta que não estava tão mal de saúde e fugindo do hospital em que se achava internado. Foi um cidadão que nunca admitiu estar ou ser preso. Ousado, venceu as miudezas da política, propôs soluções, implantou universidades, andou dando aulas e recebendo homenagens aqui, ali e acolá, sem ser jactancioso. E confessou: ´Enfrentei a vida com coragem, inocência e gozo. Sabendo sempre que o inevitável é o melhor, encarei os infortúnios como pontes para o desconhecido...´

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