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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 4 de maio de 2024
 

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Mensagem: ARMANDO ATHAYDE Armando Prates Athayde, filho caçula de “seu” Athaydinho e de D. Alda, irmão de Geraldo, Wilson, Maria Augusta, de minha tia Clarice (porque casada com o irmão de meu pai, meu tio Air), de Carlúcio e de Cássio foi uma das pessoas mais inteligentes e espirituosas que já conheci. Fui muito ligado ele, apenas uns cinco anos mais velho do que eu, devido à amizade que unia nossas famílias. Estudou no Grambery, um dos melhores colégios que já existiram em Minas Gerais. Eu gostava muito de D. Alda. Tanto que, menino, estava à beira de seu leito no momento em que ela se despedia de nós. Armando gostava muito de fazenda e passava grandes temporadas na de seu pai, a aconchegante “Vaca Brava”. Era, desde a juventude, devorador de livros. Sistemático, muito organizado, metódico, obstinado em conquistar objetivos, trazia dentro de si um coração extremamente generoso. Conversava com a gente com voz meio rouca e branda, segurando-nos fortemente com uma de suas mãos em um de nossos braços, e constantemente parando uma frase para usar, antes de dizer a seguinte, a clássica expressão “cê tá entendendo?”. Eu gostava muito de papear com ele. Foi cliente de meu escritório, nos anos 70, do século próximo passado, quando advoguei em minha aldeia. Filosofávamos, desde sobre os grandes problemas de nosso então pequeno vasto mundo, ainda não tão tecnológico, até sobre o comportamento de uma formiga. Ele era um exímio observador da vida. Dominador de palavras, expressava-as, oralmente ou por escrito, com maestria. Sua caligrafia era bela. Armando tornou-se, ainda jovem, abastado fazendeiro. Casou-se com Marlice Silva, gerou filhos e os criou com o maior carinho. Larissa, sua filha, hoje advogada em Montes Claros, foi brilhante aluna de meu filho, o Combat, na Universidade Federal de Uberlândia, o que me encheu de alegria. A vida nos separou por muitos e muitos anos. De repente, eu já quase nos meus sessenta, começo a ler crônicas escritas por Armando nos jornais de minha aldeia. Até que, no dia 10 de março de 2004, ao ser assaltado em seu sítio, próximo à cidade, ele foi assassinado por dois menores, fato este que consternou toda a sociedade norte-mineira e que me entristeceu profundamente. Pouco tempo depois fui a Montes Claros. Num sábado, com vários amigos, numa mesa do Restaurante Skema, comentei com eles sobre o infausto acontecimento e, depois, manifestei minha satisfação por ainda ter lido vários textos produzidos por Armando, publicados em nossos jornais. E perguntei aos presentes porque ele só começara a publicá-los tardiamente. Alguém me esclareceu, não me lembro mais quem: – Bala, Armando era muito trabalhador, metódico. Ficou independente e com muita saúde com menos de meio século de vida. Fizeram-lhe essa mesma pergunta e você sabe o que ele respondeu? – Não. – Fiquei independente muito cedo, (cê tá entendendo?), sem precisar mais de dar duro para ganhar a vida (cê tá entendendo?). Comecei a observar alguns amigos que estavam na mesma situação (cê tá entendendo?). Alguns deles, na ociosidade, começaram a ter comportamentos estranhos e uns até passaram a entregar suas roscas ao próximo (cê tá entendendo?). Fiquei com medo e desandei a ler, a escrever e a publicar meus textos, com medo de que o ócio não criativo me levasse à simples cogitação de fazer o que aqueles poucos amigos, de minha geração, resolveram fazer (cê tá entendendo?) Deus me livre! Ócio é perigosíssimo! Grande Armando Athayde! Montesclarense da gema, aquariano (09 de fevereiro, pertinho de Nonô, que era de 10), tragicamente roubado de nós, na plenitude de sua vida. Que Deus o guarde! Até breve, caro amigo! Cê tá entendendo?

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