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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 23 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Manoel Hygino dos Santos Konsta: in memoriam Com o falecimento de Konstantin Christoff em 21 de março último, no lugar em que seus pais, procedentes da Bulgária, elegeram para viver e laborar, desaparece uma importante fase na história da maior cidade norte-mineira. Darcy Ribeiro, seu companheiro de tertúlias, comentava que o casal trasladado, com seu passado e seus costumes, ao sertão, ensinou os moradores da terra prometida a comer tomates e verduras. É verdade. Aquelas nossas gentes, bem identificadas com personagens de Guimarães Rosa, eram viciados a comer carne, de boi, de porco, galinha aos domingos ou na recepção a visitas. Ocasionalmente, de caça apanhada nos matos, principalmente veado, anta, paca ou tatu, pego pelo rabo, ou peixe pescado no Rio Verde. O casal contribuiu para mudar hábitos, até porque, graças aos conhecimentos que trouxeram da Europa, fizeram que os tomates ganhassem tamanho miraculoso, não mais aquelas frutinhas do tamanho de uma uva. Eram dois irmãos: Raio, que se diplomou em química industrial na Faculdade em Belo Horizonte: depois, Konstantin, que se sentiu atraído à Medicina, e muito bem se deu, para satisfação pessoal e saúde e vida da pacata população do interior. Pormenor: ambos eram exímios no traço, excelentes desenhistas. Raio nasceu em 3 de março; Konstantin se foi em 21 de março, bem próximo ao mês dos Idos, que culminaram com o assassinato de César no Senado, 44 anos antes de Cristo Jesus. Um acidente roubou a vida do engenheiro, enquanto o médico lutava pela existência saudável do sertanejo. Ambos se sentiram fascinados pela terra escolhida por Cristo, pai e D. Rosa. Formados, voltaram ao interior, aprestados para a profissão, muita disposição de luta, tenacidade, certeza de estarem no lugar certo. Lá pelo ano 2006, o médico e notável artista plástico, o grande pintor, escultor, fotógrafo, sofreu um AVC, que lhe dificultou a fala. Depois, em outra fase, internado na Santa Casa, perdeu o filho, arquiteto nomeado, já sofrido com o Mal de Parkinson, morto subitamente, na porta do hospital, a que fora visitar o pai. Celebrado nas artes, inclusive na de Hipócrates, com sua barba de profeta como o pai, Konstantin era um homem simples, um sertanejo nascido em distante região da Europa. Não fazia pose de bom; era bom. Servia a Deus, mesmo quando dizia não o conhecê-lo, supostamente agnóstico como Darcy Ribeiro, de que se tornou parente com o casamento com Yede, a companheira admirável que soube estar a seu lado na desdita da doença ou na glória de exposições internacionais. Propala-se que toda unanimidade é burra ou tola. Nada tão falso. Os eflúvios de sentimento pelo desaparecimento de Konstantin uniu todas as cores, escolas de arte, inclinações religiosas, representações de agremiações políticas. Afinal, ele estava acima. Desde que ilustrou meu pequeno livro, juvenil, posso dizer, conquistou a crítica, não porque desejasse conquistas, mas porque foi um artista notável, um cidadão que honra o Brasil em que se radicou.

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