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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 23 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Uma formiga pede socorro Alberto Sena A meteorologia anunciava ‘tempo bom’, mas nas margens do Rio Verde, a poucos quilômetros de Montes Claros, o céu estava parcialmente coberto de nuvens e o sol dava as suas escapadelas, sem se firmar. Mesmo assim valia a pena estar ali na prainha do rio simplesmente porque o lugar é agradável e gostoso de ficar um dia inteirinho ouvindo o som orquestrado pelo rolar das águas e o bulício das folhas das árvores tocadas pelo vento. Na noite anterior nós não havíamos dormido direito, alguém próximo de casa cismara de ouvir som alto até o raiar do dia, e também o fato de ter de acordar cedo para pegar a estrada, além de questiúnculas domésticas. Apesar de tudo isto, a viagem de ida e volta foi boa. Era véspera de Sexta-Feira da Paixão. Como dizíamos, estávamos na prainha do Rio Verde sentados numa pedra quando o olhar bateu numa formiga aflita. Ela se encontrava numa outra pedra com água por todos os lados, verdadeira ilha. O que mais chamava a atenção era a pergunta: ‘como essa formiga foi parar aqui?’ Não havia explicação lógica para aquela situação. De toda maneira ela tentava em vão escapar e não via saída. Ia por um lado até a linha d’água e voltava. Ia para o outro lado e dava com a cara n’água. Subia ao topo da pedra e como suricato, em pé nas pontas das patinhas traseiras para ficar mais alta, buscava saída, mas não havia como sair dali sem ajuda. Se não estivéssemos ali, certamente a formiga morreria estorricada pelo calor do sol ou do seu reflexo na pedra, ou esbaforida de cansaço de tanto subir e descer a pedra. Pelo que sabemos, formiga não nada. E ademais, se ela caísse n’água seria imediatamente tragada por uma piabinha. De repente nos vimos bastante ocupados com o problema da formiga. Com tanta coisa particular e o próprio mundo em convulsão, nós ali estávamos de certo modo aflitos também para resolver um problema de vida ou morte de uma simples formiga. Não era o caso de pegar a formiga com a mão e colocá-la em algum lugar seguro. Ela era grande e diferente do padrão que estávamos acostumados a ver. Não era uma saúva. Não. Saúva é avermelhada e essa era esverdeada e mais comprida que a saúva. Podia ser da espécie Triplaris americana, formiga de bosque. Pensamos, inclusive, no risco de levar uma picada de formiga desconhecida; é ruim não é? O melhor meio disponível ao nosso redor era capim. Duma moita retiramos uma haste seca e foi com ela que socorremos a formiga. Ela subiu no capim seco o mais rápido que pôde e o percorreu de uma ponta a outra, chegando a subir na nossa mão. Logo lhe oferecemos o capim de novo e ela subiu nele quase num pulo. Tivemos que segurar a haste, ora com uma mão ora com a outra, a fim de impedir a formiga de subir novamente na nossa mão. Alcançamos uma árvore próxima, cuja folhagem caía dentro d’água e foi nela que colocamos a formiga e ela subiu imediatamente. Ficamos observando-a correr pelo galho da árvore como se tivesse atrasada para importante compromisso, até ela sumir das nossas vistas. Ela se foi, mas a imagem dela aflita ficou conosco por algum tempo. Tempo suficiente para nos lembrarmos de uma experiência recente feita por um grupo de mirmecologistas, profissionais que estudam formigas (Mirmecologia é derivada da entomologia, matéria que estuda os insetos). Os mirmecologistas escolheram um grande formigueiro abandonado e injetaram nele muitos quilos de cimento se utilizando de uma bomba do tipo betoneira. Ficaram impressionados com a quantidade de cimento que tiveram de injetar, e mais impressionados ainda ao escavarem a terra, com todo o cuidado como fazem os paleontólogos em busca de esqueleto de dinossauro. Depois de horas de escavações veio a surpresa: as formigas construíram verdadeira metrópole debaixo da terra, parecida com a imagem dos nossos neurônios. Como já se sabia, elas formam sociedades exemplares, onde tudo funciona bem. Depois desta ‘pseudo dissertação mirmelógica’, a conclusão: se nós humanos seguíssemos a filosofia de vida das formigas, sem dúvida, o mundo seria hoje, digamos, algo parecido com a ideia que cada um de nós tem de paraíso, não é verdade?

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