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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 18 de maio de 2024
 

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Mensagem: JOÃO CARLOS E BABY Ruth Tupinambá Graça Abrindo o Jornal deparei-me com a sua crônica. Fiquei muito emocionada ao lê-la e admirada com sua tranqüilidade ao descrever minuciosamente esta doença tão grave, que vem causando-lhe tanto sofrimento, preocupação e angústia. É verdadeiramente impressionante a maneira como você a enfrentou e, mais ainda, sua franqueza narrando (sem preconceito) e mostrando para todos, sem constrangimento, as fases da terrível doença, conformado com os sofrimentos no decorrer do tratamento, mesmo sabendo que os resultados não seriam os melhores. Você foi um herói, corajoso e valente. Eu sei que sua fé em Deus é uma grande força e também a dedicação da sua família. Principalmente a Baby que é uma mulher muito especial, extremamente dedicada à família e uma grande companheira em todas as horas (”na alegria e na tristeza, na saúde e na doença “), vem dando-lhe forças para lutar contra este terrível mal que você enfrenta com tanta resignação. Vendo todo seu sofrimento, fiquei pensando como aquela criança que conheci anos atrás - tão feliz na sua inocência - poderia estar passando, mais tarde, por tantos sofrimentos. Eu me lembro de você, João Carlos, uma criança alegre, inteligente, bem lourinha, de calcas curtas,correndo, brincando no Casarão do Vovô Maia. Você era a alegria daquele Casarão, paparicado pelas tias e avós. Conheci sua família, fomos vizinhos muitos anos, na Rua Dr. Veloso e tive oportunidade de conviver com sua mãe a Zaé (como a chamávamos) uma mulher de fibra que era a conselheira da família. Ninguém fazia nada sem consultar a Zaé e ouvir sua opinião. Lembro-me do seu pai chegando a nossa terra. Era um verdadeiro “gentlemen” que com sua simpatia e educação conquistou os montesclarenses, fazendo grandes amizades e tornando-se um apaixonado por nossa terra. E como “Cupido” não brinca em serviço, acertou-lhe o coração com uma “flechada daquelas”... Apaixonou-se pela Zaé que era uma bela e inteligente mulher ,extremamente educada. O namoro foi rápido, o noivado mais ainda e o casamento, de vento em popa, pois o velho Maia era sistemático... Foi uma festa muito bonita, com muita alegria e os “pombinhos” foram comemorar longe a tão esperada “lua de mel”. A saída da Zaé foi um baque para a família, embora ela continuasse dando toda assistência à família, sempre presente em todos os acontecimentos. A Zaé foi uma filha, esposa e mãe exemplar. Era dinâmica e achava hora para tudo. Gostava de costurar e tinha mãos de fada, muito caprichosa. Naquela época, nos meus 18 anos, vaidosa e de bem com a vida, queria muito que a Zaé fizesse um vestido para mim. Queria fazer sucesso na Rua 15, onde “desfilávamos” todas as noites, nossa única distração naquela época. No meu noivado tive esta alegria. Ela se ofereceu para fazer o meu vestido. Fiquei felicíssima, pois estaria bem elegante para receber a família do meu noivo que viria da Capital para conhecer a sertaneja que conquistara-lhe o coração. Mais que depressa fui à loja de Seu Ramos, a maior e melhor casa comercial daquela época. Eu queria um tecido à altura da modista. Fiz o balconista descer várias peças das prateleiras, estava eufórica, mas finalmente encontrei o que desejava. A Casa Ramos era uma loja para ninguém botar defeito. Fui correndo à casa da Zaé. Ela recebeu-me com aquela educação que lhe era peculiar e folheamos os últimos figurinos recém chegados na “banca do Ducho” , ela ajudando-me a escolher o modelo que melhor moldaria minha silhueta. Que, modéstia à parte, era bem delineada... Voltei para casa feliz da vida, naquele entusiasmo que a gente só tem na juventude (quando não se conhece problemas) e o coração é cheio de sonhos e esperanças. Tenho as melhores lembranças da sua mãe. Tornou-se para mim uma grande amiga. Quando você foi estudar fora, eu sempre ia visitá-la. Depois mudei para Belo Horizonte e perdi o contato. Mais tarde voltamos para nossa terra. Nestas alturas você já era um belo rapaz e de “olho na prima”... Os anos passaram e sempre nos encontrávamos. Você e a Baby (já casados) nas reuniões festivas da Academia de Letras, no Elos Clube, no Automóvel Clube.Eu os admirava , sempre dançando (com ares de apaixonados) um casal alegre demonstrando tanta felicidade! Diversas vezes eu lhe pedi para cantar minha música predileta, você satisfazia-me com aquela voz tão bonita... Agora, João Carlos, depois de ler a história da sua doença, contada por você, fiquei muito triste e todas as lembranças vieram à minha mente. Momentos tão felizes! Não me contive. Talvez isto lhe conforte um pouco, saber que alguém, mesmo de longe, sempre o admirou e lhe quer muito bem. E acredite, tenho rezado e pedido a Deus (Ele nunca nos desamparou, sempre trazendo força, fé e resignação para suportarmos estes dolorosos momentos que você e a Baby estão passando. Um grande abraço e que Deus os proteja. (N. da Redação: Ruth Tupinambá Graça, de 94 anos, é atualmente a mais importante memorialista de M. Claros. Nasceu aqui, viveu aqui, e conta as histórias da cidade com uma leveza que a distingue de todos, ao mesmo tempo em que é reconhecida pelo rigor e pela qualidade da sua memória. Mantém-se extraordinariamente ativa, viajando por toda parte, cuidando de filhos, netos e bisnetos, sem descuidar dos escritos que invariavelmente contemplam a sua cidade de criança, um burgo de não mais que 3 mil habitantes, no início do século passado. É merecidamente reverenciada por muitos como a Cora Coralina de Montes Claros, pelo alto, limpo e espontâneo lirismo de suas narrativas).

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