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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 22 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Prontocor João Carlos Sobreira Em meados dos anos 1960, fui convidado pelo Dr. João Valle Maurício para participar de uma reunião em seu consultório visando à criação do Prontocor. Também estavam presentes os cardiologistas André Antunes, Iran Rêgo, Paulo Araújo e Cláudio Souza Lima e o bioquímico Nivaldo, que comandaria o laboratório da futura clínica. Eles tinham alugado a casa na rua Dr. Santos, na qual, durante vários anos, funcionara a tradicional Pensão Guimarães, para ali instalarem a Clínica Cardiológica Prontocor, exclusiva para atendimento aos incômodos do coração. A finalidade da reunião era discutir os detalhes da reforma, que transformaria a velha pensão em um eficiente local para tratamento cardiológico. Transformação realizado com bastante sucesso. Em 1978, através da Aliança Francesa, consegui uma bolsa de estudos da UNESCO, para passar três meses na França, especializando-me em Implantação de Campus Universitário. Dr. Maurício, então Reitor da FUNM (Fundação Universitária Norte Mineira de Ensino Superior, hoje UNIMONTES), ao saber que eu iria viajar para a França, me pediu para, aproveitando o local da minha bolsa, tentar ir até Lyon e visitar o Hôpital Cardiologique, na época considerado o melhor hospital cardiológico do mundo, pois eles pretendiam construir o Hospital do Prontocor e faziam questão que o projeto fosse da minha autoria. No escritório da UNESCO em Paris, quando da programação de uma ida ao sul da França em visitas às universidades das cidades de Toulouse e Grenoble solicitei a inclusão de Lyon, no caminho entre as duas comunas, agendando encontro com o autor do projeto arquitetônico do hospital. Fui recebido pelo colega M. Martin, acompanhado pelo Provedor e por outro diretor do hospital. Almoçamos no refeitório privativo da diretoria, após breve reunião para conhecimento dos detalhes gerais, partindo depois da excelente refeição para uma visita completa às instalações, na qual pudemos até visualizar, pelo teto de vidro, uma cirurgia no coração (pulsando) de uma jovem de treze anos. Voltamos à sala de M. Martin para tomarmos champanhe comemorativo à visita. Pude aproveitar melhor esse encontro, aprofundando meus conhecimentos e atualizando-me na arquitetura hospitalar, tendo em vista meu domínio no idioma francês, felizmente. O projeto arquitetônico foi feito na minha volta após longa reunião com os médicos, iniciada com explanação detalhada da minha visita ao hospital de Lyon. Para executar o projeto, o Prontocor me apresentou o levantamento topográfico do terreno que era composto de 2 lotes irregulares pertencentes a 2 loteamentos diferentes. O terreno de um dos loteamentos tinha frente para avenida Mestra Fininha e o do outro loteamento para a rua que terminava na lateral do primeiro lote tornando-a rua sem saída. No final do projeto, essa área foi transformada em uma pequena praça para estacionamento e retorno, cujo canteiro principal abriga, atualmente, o busto do inesquecível Dr. Maurício. O formato em curva do partido do projeto final, foi forçado pela junção dos 2 terrenos irregulares determinando, pela irregularidade, um perímetro atípico. Além de confeccionar o projeto inspirado em Lyon, também acompanhei a construção como responsável técnico. Um fato inusitado aconteceu durante a obra. No projeto inicial, coloquei a caixa d’água 4 metros acima do telhado, prevendo um crescimento futuro adicionando um terceiro pavimento. Ela estaria apoiada em 4 pilares de concreto com o formato de um cubo com as arestas chanfradas, tendo ainda, nas 4 faces do cubo, uma faixa em baixo relevo, pintada na cor laranja e o nome PROTOCOR na cor branca, também em baixo relevo. Durante a obra, fui alertado pelo engenheiro que estava fazendo o projeto de incêndio, que havia necessidade de aumentar o volume de água da caixa, por exigência do Corpo de Bombeiros. Autorizei, então, o crescimento da caixa nos 2 sentidos, perpendiculares à avenida. Certo dia, aconteceu o grande susto. Recebi, ainda em casa, um telefonema apavorado do Dr. Maurício: -“Joãozinho das moças (ele sempre me tratava assim), gostaria que você repensasse a forma da caixa d’água. Nem que tenha que demolir e fazer outra diferente, porque a que está lá é igualzinha a um caixão de defunto.” Fui correndo para a obra e lá já estava o Dr. Paulo Araújo muito apreensivo. No trajeto, minha cabeça estava a mil, procurando visualizar a modificação promovida pelo alongamento e tentando encontrar outra solução que não fosse a demolição. Quando os operários retiraram a forma de madeira, aquele inocente formato de cubo alongado se apresentou agourentamente como um esquife suspenso acima do hospital em obras. Não foi fácil. Demorou alguns dias e várias páginas de rascunhos até chegar à forma atual. A solução foi transformar a tampa da caixa em uma pirâmide de alvenaria, aproveitando a inclinação dos chanfros e criando um cilindro vazado na lateral mais longa da nova figura geométrica, de modo ao buraco criado diminuir a ação do vento sobre a lateral da “pirâmide”. A estranha forma de caixa d’água gerou motivo de gozação na cidade, motivando até o colunista conterrâneo Manuel Hygino escrever um bem humorado artigo no jornal Hoje em Dia, no qual finaliza elogiando a solução encontrada. Recentemente, já no século atual, o Prontocor abriu-se para receber novos sócios com a finalidade de ampliação, construindo o terceiro andar. Convidado a participar, fiz no projeto o bloco cirúrgico, o CTI, a esterilização, além do prolongamento da rampa, escadas e caixa do futuro elevador. Essa ampliação, que fez o Prontocor deixar de cser exclusivamente do coração, possibilitou a modificação do nome, de Hospital Cardiológico Prontocor para Hospital Geral Prontocor. Tenho orgulho de fazer parte da história dessa fantástica casa.

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