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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 19 de abril de 2024
 

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Mensagem: ALBERTO DEODATO Houve um tempo em que mulher que estudava Direito era chamada de puta. O rompimento desse preconceito começou pouco antes de entrarmos na faculdade, o que se deu em 1964. Já havia várias nas séries subsequentes, mas foi nossa turma que encheu a “vetusta” de mulheres, então chamadas de sexo oposto. Que contrassenso! Onde se localiza essa oposição? E, por acaso, putas não podiam estudar Direito? Havia uma estudante de mãe muito religiosa. Suas pernas eram as mais bonitas do pedaço. Coitada da moça, não tinha paz. Nós ficávamos na Biblioteca só para olhá-las por baixo das mesas. No Restaurante a mesma coisa. Quando subia a rampa, era uma festa. Amontoávamos no vão para tentar ver melhor aqueles monumentos. A mãe procura, com a filha, o Diretor Alberto Deodato, para se queixar dos tarados. — Professor, eu vou ter que tirar minha filha daqui. Ela não tem sossego. Até na sala de aula eles não tiram os olhos de suas pernas. Deodato, que atendia na sala de nosso secretário, o Tancredinho, no andar térreo, dá uma girada na cadeira – a parede já estava descascada de tanto ele fazer isso – olha as pernas da moça e exclama: — Eta meninada de bom gosto!!! Restou à mãe aceitar a realidade e à donzela continuar a conviver conosco e a admitir nossos sedentos e voluptuosos olhares às suas lindas pernas. Deodato era um grande contador de piadas. Estava no Conselho Federal de Educação e trazia, do Rio, as mais novas, quentinhas e contava para nós, na porta da faculdade. Fazíamos uma roda em volta dele só para ouvi-las e ali ficávamos horas, curtindo seu excelente papo. Certa feita disse: — Olha, gente, não há mais uma virgem nesta escola. Um colega, José Eduardo Carreira Alvim, cuja irmã, Maria Helena, também estudava conosco, retruca: — Professor, minha irmã estuda aqui! O mestre responde: — Mas sua irmã sobe pelo elevador. Estou me referindo apenas às que sobem pela rampa. Em 1966, batendo papo no saguão da faculdade, ele me ofereceu essa interessante definição: — Broxura é quando a gente vê passando uma mulher lindíssima e gostosa e sente apenas imensa ternura. Numa roda de colegas, um deles propôs a criação de randevus de homens para as mulheres, argumentando que nós, estudantes, quebrados, seríamos os putos e ganharíamos dinheiro para pagar nossos estudos. Deodato, no ato, lançou a instituição que batizou de “gigolato público”. E isto foi cantado em verso e prosa. Quando Zezinho da Viola morreu, eu lhe dei a triste notícia e ele escreveu, em sua coluna do “Estado de Minas”, magnífica crônica em homenagem póstuma ao grande violeiro de Montes Claros, que ele conhecia muito bem e amava, desde os tempos em que fora Promotor de Justiça em Rio Pardo de Minas. Deodato era assim: competente, alegre, satisfeito, amante da vida, apaixonado por D. Helena, pelos filhos e por nós, seus alunos, a quem sempre pedia para lhe fazer serenatas. E lhe fizemos várias, no casarão da rua Rio de Janeiro. Sorridente, considerava aquilo uma grande homenagem, abria as portas da sala, convidava-nos a entrar e nos servia um magnífico Vinho do Porto. Figuraça esse mestre Alberto Deodato Maia Barreto! Sempre me lembro dele, com muita saudade.

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