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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 22 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Rua Presidente Vargas Onde Nasci e Vivi Em dezembro, o clima de natal, realimenta nossas emoções. A Criança que fui um dia, bateu palmas, fui atendê-la. Queria relembrar, onde vivemos, corremos, cantamos que mesmo distante no tempo, faz parte da minha vida. Perguntou-me: Como a rua Pres. Vargas está hoje, o que sente ao revê-la? Todas as vezes que retorno, aos meus Montes Claros, caminho nas calçadas da minha rua acompanhada das mais singelas lembranças. A minha rua nunca foi bonita. Quando nasci, era calçada com pedras pé-de-moleque, nenhum verde para embelezá-la a não ser as mangueiras de manga comum no quintal da casa onde Dona Afra residiu, e o jardim da residência de Dona Alice dos Anjos, onde vicejava dálias, margarida e roseiras. Apesar de ser uma rua mais comercial, nos dois quarteirões abaixo do Clube Montes Claros, haviam algumas residências: nossa casa, a dos meus avós, Mundim e Marieta, a do Sr. Lourenço e Dona Angélica Miranda Santos, a de Dona Alice dos Anjos, e a do Sr. Odilon e Dona Geni Amaral – Vindos de Patrocínio-. Na esquina com a Coronel Prates a casa do Senhor Fontes e Dona Maria pais do levado Breno Afonso. Caminho tranquilamente nesse pedaço, espaço de minha infância e adolescência. Nesse espaço brincávamos de estátua, anelzinho, boca de forno, maré, roda, pegador, queimada. Por onde andarão, Geni, Célia, e Aristides Amaral, colegas no Instituto Dom Bosco? Naquelas tardes ensolaradas, o piano de Biela dos Anjos encantava quem passasse na Pres. Vargas. Música também não faltava nas noites de sábado e domingo no elegante Clube Montes Claros. Atrás do Ginásio Municipal / Colégio Diocesano, ficava a serra dos Montes Claros. Um vento suave vinha da serra e amenizava o calor. Quando menina, havia só duas estações: tempo da seca, tempo das águas. Na seca a serra ficava acinzentada, ocre e dourada ao pôr do sol. Quando as águas chegavam, como um milagre, em poucos dias, o verde esmeralda circundava a cidade. Na adolescência, o melhor programa, era ficar na janela de minha casa, vendo passar os alunos do Colégio Diocesano, inclusive os internos, na ida e volta das aulas. Minha avó Marieta, sempre me perguntava, porque eu era tão janeleira, e eu respondia: _ gosto de ver a vida acontecer_. Ela me olhava com o olhar irônico, que hoje corresponde a expressão em uso. _’’Me engana que eu gosto!’’_ Na rua Pres. Vargas tinha gente o dia todo. Barulho bonito dos carros-de-boi , poucos automóveis, vendedores de roletes de cana, amoladores de facas e tesouras, pirulitos colocados numa tábua furada e quebra-queixo. Para pequenas compras, o armazém do Sr. João da Pretinha, o bar de Mário Meira, depois, a venda de verduras e frutas do meu amigo Mario Alaor de Sousa e um bar que vendia caldo de cana. Completando nossa vizinhança a sapataria de Lourival, que fabricava lindas sandálias. À noite, moças e rapazes subiam para o ‘’footing’’ da Rua 15. Em maio os anjos passavam em direção a Matriz para a coroação da Virgem Maria. Em agosto, catopês, caboclinhos e marujos cantando músicas e batendo tambores iam em direção ao largo do Rosário. Dezembro, as pastorinhas e o reisado cantavam loas ao Deus-Menino. A boneca de Leonel, durante todo o ano, alegrava a rua com música, foguetes, e o megafone onde ele fazia a propaganda de um tudo. As casas com portas e janelas abertas, a gente via um pouco da vida dos moradores: a avó na poltrona fazendo crochê, o neném no carrinho, a mocinha bordando, o pai escutando rádio. O relógio do Mercado Municipal batia as horas, e à noite era o nosso companheiro quando a insônia aparecia. Cachorros latiam, galos cantavam, gatos namoravam num amor barulhento... Na calçada, moradores sentavam nas cadeiras para tomar a fresca, conversar com os vizinhos, os amigos. As donas de casa, trocavam receitas, mudas de plantas, riscos de bordados. A rua Pres. Vargas mudou. Hoje totalmente comercial: barulho, poluição, prédios escondendo a serra dos Montes Claros e encobrindo a luz das estrelas. É o progresso, a vida continua e pode ser muito interessante e calorosa outra vez. Não mais existem janelas e portas abertas. Nem um verdinho para alegrar os olhos, não importa, a vida não para mesmo, e é bom que isso aconteça. A rua Pres. Vargas será sempre minha, Continuo morando na casa modesta, esquina com Afonso Pena. E, quando a saudade bate, a menina que se esconde num lugar que só eu sei, vem à tona e juntas agradecemos a Deus por nossa vida.

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