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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 24 de novembro de 2024
 

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Mensagem: ENTRUDO DE ONTEM, CARNAVAL DE HOJE José Prates Hoje, em nossos dias, eu creio que pouca gente, quase ninguém, viveu o “entrudo” que nos foi trazido pelos portugueses, ou pelo menos, sabe do que se trata. Eu não o conheci, mas, a minha avó contava-me a cerca das brincadeiras e dos mascarados em blocos que saiam pelas ruas, cantando e dançando. Não era propriamente uma festa, mas, uma espécie de brincadeira popular que envolvia todo mundo numa gostosa diversão que tomava conta do lugar. Era o carnaval de então. Não quero dizer que o carnaval, na forma de hoje, ainda não existisse no tempo de minha avó. Segundo o que ela me contava, existia, sim, quase unicamente nas capitais, com blocos fantasiados e mascarados desfilando pelas ruas, com participação de mulheres, o que não acontecia nas cidades interioranas. Mas, vamos falar do “entrudo” que virou carnaval graças ao italiano. Entrudo é a antiga celebração do que hoje nós conhecemos no Carnaval. O Entrudo chegou ao Brasil juntamente com os portugueses, na cidade do Rio de Janeiro, no século XVII e desde o início, participavam da comemoração não apenas as famílias brancas, mas também os escravos, daí a idéia de que o carnaval é de origem africana. Quando o entrudo chegou ao Brasil, dividiu-se em dois tipos: entrudo familiar e entrudo popular. O Entrudo popular eram as brincadeiras feitas nas ruas da cidade e a principal característica era os banhos de água suja misturada com vários tipos de líquidos, como urina, que as pessoas recebiam. Entrudo familiar acontecia nas casas das pessoas, e os jovens jogavam um nos outros “limão de cheiro”, o que mais tarde originou o conhecido lança perfume. Vamos voltar a um passado bem distante para reencontrar lusitanos, celtas e romanos que entre fevereiro e maio comemoravam o fim do inverno, festejando a entrada do verão. A palavra intrudo como se dizia na terra de Camões, significa “intróito” palavra latina que significa “entrada”, daí, então, veio “entrudo” que era o povo na rua pulando e dançando ao som de tamborins e chocalhos. Na Europa, era a entrada de um período em que deviam brincar festejando a aproximação do fim do tempo tristonho do inverno e ,simultaneamente , lembrarem-se que estavam entrando num outro mundo de recolhimento, de preparação para a ressurreição de toda a natureza: a quarentena ou quaresma. É, pois, um rito de passagem do tempo velho para o tempo novo, é a despedida da noite e o acolher da Primavera , é a chegada da renovação da Natureza Foram os romanos que chamaram essa festa de Carnaval. Isto aconteceu porque após a cristianização do continente, na idade média, com ênfase em Roma, houve uma mudança no comportamento do povo cristianizado principalmente com relação ao envolvimento e contacto homem/mulher. Dizia-se que nas festas do entrudo o mundo ficava às avessas e o diabo circulava livremente entre todos; que as mascaras escondiam os demônios que tentavam todo mundo e que o respeito homem/mulher desaparecia facilitando as relações carnais proibidas. O romano dizia, então, que nessa festa a “carne levare” ou seja a “carne nada vale” o que deu origem ao termo carnaval como ficou conhecido até hoje, o período do “entrudo” (José Prates, 84 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)

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