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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 25 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Pela volta do transporte ferroviário Alberto Sena Quando viajo pela BR 251, que atravessa Montes Claros e se conecta à BR 116, Rio-Bahia, reflito sobre o tamanho da estupidez humana. Não entendo, e muito menos compreendo, porque o governo federal opta por investir, em matéria de transporte, só nas rodovias em detrimento das ferrovias. Com essa extensão territorial, o Brasil devia investir em estrada de ferro a fim de desafogar as rodovias brasileiras congestionadas de caminhões, carretas, cegonheiras, bitrens e as suas consequências. É de assustar o tráfego de caminhões pesados na BR 251. E não é necessário ir muito longe para verificar o tamanho da estupidez humana nesse particular: do trecho entre Montes Claros até o entroncamento com a estrada de Grão-Mogol, MG 307, carretas cortam cegonheiras, que ultrapassam bitrens e assim vão-se filas e mais filas de veículos cujo peso das cargas destrói logo o asfalto. Asfalto vagabundo importa dizer. Quem já teve a oportunidade de sair do País e conheceu rodovias holandesas ou alemãs fica boquiaberto quando viaja por uma BR como a 251. Lá fora, o asfalto das estradas é consistente, nem de leve se parece com essa rala camada preta vista aqui. As estradas são bem sinalizadas e os motoristas respeitam as leis. O dinheiro do contribuinte é utilizado para pagar asfalto mais durável, entretanto a qualidade duvidosa redunda na baixa durabilidade; bastam chuvas primeiras para esburacar as estradas. O declínio do transporte ferroviário de carga e de passageiros se iniciou no governo do então presidente Juscelino Kubitschek famoso, JK chamado. Ele até ganhou o epíteto de “presidente estradeiro”. E tinha de sê-lo porque comprou o lobby automobilístico norte-americano ao trazer para o Brasil a indústria automobilística. Era necessário abrir estradas para os carros, e assim o fez JK. As estradas de ferro foram relegadas, abandonadas, enferrujadas, destruídas, enfim. Essa geração a envelhecer a cada passo viveu os tempos gloriosos da ferrovia. Houve época que se podia viajar de trem a partir de Salvador, na Bahia, passando por Montes Claros, até Belo Horizonte, onde era feita conexão para o Rio de Janeiro no trem Vera Cruz. Além do transporte de passageiros e de carga, uma viagem desta era uma aula sobre Brasil para as pessoas debruçadas nas janelas do trem. Embora nem tão antigo assim, viajei com a família de Montes Claros à capital, de Maria Fumaça, logo substituída pela máquina a óleo. Uma viagem de Montes Claros a Belo Horizonte em trem puxado por Maria Fumaça demandava 24 horas. Saíamos às 5h da manhã e só chegávamos ao destino às 5h do dia seguinte. Depois, com o advento da máquina a óleo, o tempo de viagem caiu para 15 horas. A estrada de ferro, depois de instalada, requer menos manutenção que as rodovias. Um vagão de carga leva muito mais mercadorias que caminhões, carretas, cegonheiras e bitrens. Em qualquer lugar da Europa o cidadão pode viajar de trem. No Japão, território pequeno, é possível pegar um trem bala e atravessar o país. Em Israel, menor que o nosso Estado de Sergipe, trens cortam o território por onde um dia andou o Salvador da humanidade. Pelo que se pode vislumbrar de tudo isto, em defesa da volta do trem de passageiros, o problema do transporte brasileiro é político. Alguns ganham com os investimentos em rodovias. Nem imagino o tamanho dos prejuízos sofridos pelo contribuinte com a destruição das ferrovias, das estações de belo estilo arquitetônico e das máquinas em todos os quadrantes do País. Mas acredito: se se fizesse um plebiscito entre os brasileiros sobre a necessidade de investimento em ferrovias, o resultado certamente seria um estrondoso “sim”. Por tudo, os trens são mais interessantes que os carros, protagonistas de acidentes horríveis, ceifam diariamente dezenas de vidas. Não se deve ignorar: acidentes ferroviários também acontecem, mas, atualmente, trens modernos são menos vulneráveis e muito mais confortáveis. Numa viagem de trem se pode andar de um vagão para o outro ou sentar à mesa do restaurante e se servir de bebida e comida em alto estilo. Na cabine de uma carreta, o que acontece ao condutor senão ficar atento para não trombar no outro ou ter atenção para desviar dos múltiplos buracos em proliferação nas estradas brasileiras? Estradas mal construídas compactadas com o dinheiro público, que alimenta a corrupção desenfreada a envergonhar os cidadãos de bem.

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