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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 25 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Na menina dos olhos Alberto Sena Até prova em contrário, apesar de tecnicamente ser leigo no assunto, acredito: as causas dos insistentes tremores de terra em Montes Claros estão intimamente ligadas às explosões de dinamite por parte da indústria cimenteira e das mineradoras. E mais: a demora da equipe de analistas da Universidade de Brasília (UNB) em apresentar um resultado plausível da coleta de dados dos sismógrafos instalados em Montes Claros dá margem às especulações. Fica parecendo que no ar há algo mais além de urubus, helicópteros e aviões de carreira. E por falar em carreira, foi cômica para não dizer trágica, a ida de uma técnica de Brasília a Montes Claros para “acalmar” a população quanto aos possíveis perigos dos tremores, quando ocorreu o abalo de 4,5 graus na escala de Richter. Ela desceu no aeroporto Mário Ribeiro e foi diretamente para a Prefeitura para dizer à mídia: “Fiquem tranquilos”, sem sequer fazer a primeira investigação na cidade. Noutra vez, o técnico em meio ambiente e sócio da Associação Brasileira de Água Subterrânea, José Ponciano Neto acompanhou uma equipe de analistas da UNB na cidade. Ele sabe que os técnicos coletaram dados dos sismógrafos; dados recolhidos do HD interno, que iriam auxiliar os estudos dos tremores. O próprio Ponciano estranha a demora da equipe em apresentar os resultados. O que será que há por baixo desses tremores? Há temores? Dia três deste mês foi registrado outro abalo, de pequena intensidade. Nunca ouvi ninguém dizer em Montes Claros, naqueles tempos bons de criança, adolescência e já adulto, até 1972, que a nossa terra querida tremeu algum dia. Como acredito que terra também é gente como nós, humanos, também somos gente, ela sente dores como qualquer filho de Deus. Vamos imaginar: esse nosso torrão natal é como um Gulliver, personagem de Jonathan Swift, irlandês de Dublin. Estirado na praia de Lilipute, depois do naufrágio, imobilizado por cordas presas à terra por estacas, o que poderia fazer Gulliver se ao invés de setas recebesse pelo corpo explosões de bombas caseiras? – nem ouso fazer comparação com bananas de dinamite. Uma, duas, três... mil, milhares de explosões de bombas depois, o que restaria de Gulliver além de gritos de dor e a sangueira a escorrer-lhe pelo corpo até que, para alívio, viesse a morte porque ninguém, terra alguma é constituída só de pedras e minério de ferro. Terra também sente dor, chora. Se se pudesse captar o choro da terra por meio de algum aparelho sensível, iríamos ouvir e sentir com quantas dinamites se fazem um abismo ou se podem incomodar as placas tectônicas que, para encontrar posição melhor de estar, se ajeitam, se recompõem e o movimento faz a terra tremer. Tremer de medo. Em meio a essa demora dos técnicos em apresentar resultado crível sobre os abalos sísmicos, antes que nós possamos pensar na possibilidade de haver barreiras e comprometimentos entre uns e outros, com empresários, técnicos e autoridades, antes de tudo isso passar por nossas cabeças, convém explicar logo as causas desses tremores. Cobramos, nós e a sociedade montes-clarense, uma explicação. Sempre soube: tremor de terra é ocorrência frequente lá no Japão, onde a terra treme todos os dias e os japoneses estão se preparando para o grande terremoto. Tanto é que nós gabávamos de aqui no Brasil não ocorrerem tufões, furacões, terremotos e outros desastres naturais. Mas, em compensação... Ponciano, que também não é bobo nada, levanta a hipótese: “O pior é, se os técnicos divulgarem que o último abalo não foi registrado pelos sismógrafos locais, como já aconteceu em outras vezes”. Se porventura isto acontecer Ponciano, é necessário que a sociedade montes-clarense se reúna e faça um movimento na cidade para, não pedir, mas exigir, para ontem, uma explicação. É possível enganar as pessoas por algum tempo, mas o tempo todo, não. E se Montes Claros não reagir, estará fazendo papel de boba, e poderá esperar pelo pior, porque a ganância é maior e não respeita ninguém. Na menina dos olhos dela há o brilho dos cifrões.

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