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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 28 de março de 2024
 

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Mensagem: Aplausos e confetes Haroldo Lívio Ainda está por nascer aquele que não goste de um cafuné ou, como se diz modernamente, de um elogio, de uma boa massagem no ego. Principalmente quando se trata do reconhecimento de algum mérito do indivíduo em seu trabalho do cotidiano, em sua arte ainda que modesta. Foi justamente o que me aconteceu, em uma noite perdida no passado, há mais de quarenta anos, na Praça Coronel Ribeiro. Estávamos sentados em um banco do jardim, eu e Waldyr Senna Batista, falando sobre amenidades, quando ele abriu parênteses para dizer que minha crônica de Natal publicada no O Jornal de Montes Claros, poucos dias antes, “ficou muito boa”. Apanhado de surpresa com o elogio, partido de um crítico por demais rigoroso em suas apreciações, parece-me que gaguejei alguma cousa parecida com agradecimento, diante da manifestação inesperada e inédita, partindo de quem partiu. Confesso que adorei. Ele não deve se lembrar; eu nunca me esqueci da hora. Pouco tempo depois, na redação do Mais Lido, o brilhante jornalista Caio Lafetá fez questão de me comunicar que havia gostado muito de uma matéria noticiosa que eu escrevera relatando os preparativos para a Exposição Agropecuária de 1963. Mais uma vez fui apanhado desprevenido e não tive palavras para agradecer o incentivo de um veterano da imprensa muito respeitado e admirado. Para quem está chegando agora, Caio Lafetá, prematuramente falecido, era um intelectual da mesma estatura de Cyro dos Anjos, Darcy Ribeiro, Cândido Canela e Manoel Hygino dos Santos. Daí, o abalo sísmico causado pelo comentário favorável à minha vaidade pessoal. Um sim dele valia ouro em pó. Certa manhã, tempos depois, escrevi uma reportagem sobre o tipo popular Mané Quatrocento e a entreguei ao secretário da redação, o mesmo Waldyr Senna Batista, e quase caí de susto com o entusiasmo com que leu a matéria proclamando, com todos os efes e erres, que estava “ótimo” e que eu já estava em condições para escrever livros. Deve ter sido por esse confete que criei coragem para publicar um livrinho em 1995, muitos anos depois da ocorrência. Quem passou por emoção mais forte foi o escritor José Luiz Rodrigues, autor do livro “O verme estrangeiro”. Não se sabe como o livro chegou às mãos de Manoel Hygino dos Santos, na época em que trabalhava no Estado de Minas, porque não foi enviado pelo próprio autor. Atualmente, Manoel Hygino é o maior escritor montes-clarense vivo e naquela ocasião já era um nome nacional nas letras. Gostou da leitura do livro e desejou manter contato pessoal com o autor. Vindo a Montes Claros, conseguiu o endereço do escritor, na Vila Ipê, e para lá tomou um táxi. Tragédia! José Luiz não estava em casa. Apesar de não ter havido o encontro do escritor consagrado com o escritor estreante, este se dá por premiado. Na minha opinião, este fato foi mais significativo que a visita de Mário de Andrade a Alphonsus de Guimaraens, em Mariana, no ano de 1921. Deve-se considerar que o grande Alphonsus já era uma celebridade da literatura brasileira e que José Luiz era apenas um bom escritor desconhecido.

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