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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 24 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Muita gente pedindo detalhes da foto (acima) publicada pelo montesclaros.com no dia 12 de outubro, feriado de Nossa Senhora Aparecida, Dia das Crianças. A fotografia é do topo dos Morrinhos, bairro Morrinhos. Mostra em primeiro plano a antiga Caixa Dágua de Montes Claros e a Igrejinha histórica, vista pelos fundos, erguida ainda na segunda metade do século 19, por volta do ano 1885, quando a cidade também viu nascer o poeta e compositor João Chaves. A caixa dágua não foi o primeiro reservatório de água, mas - por décadas - ocupou a primazia. A água, tratada e armazenada nos tanques altos, era (e é) conduzida por gravidade aos consumidores. Um dia, na década de 30, desceu azul pelas torneiras. Foi ´arte´ de um menino. Que depois seria conhecido e reconhecido no Brasil. O menino Darcy Ribeiro achou na farmácia do tio Plínio Ribeiro certa quantidade de azul de metileno. Levou o composto aromático para a caixa dágua, despejou tudo lá e M. Claros recebeu água azul. Era a aldeia de 3 mil habitantes. Darcy nasceu em 1922 e o episódio da água azul aconteceu quando tinha por volta dos 12. Já ex-ministro do governo Goulart, já operado do câncer de pulmão que o trouxe do exílio/desterro, Darcy visitava o local, com amigos, e gostava de contar a malineza do azul de metileno. Divertia-se com o resultado - o susto que passou na cidade de sua meninice. Antes de eleger-se vice-governador do Rio e Senador, Darcy - certa ocasião - irritou-se muito com desleixada caixa dágua existente nos fundos da Igrejinha, erguida ainda nos tempos da Caemc, empresa municipal. Protestou, ferido, contra o arranjo que afrontava a ermida suave de dona Germana, e pediu para retirar-se. Sua indignação foi narrada à Copasa em BH, que prontamente desativou a caixa dágua insolente, construindo outra mais afastada. Os reservatórios dos Morrinhos foram operados, por décadas, pela antiga Companhia de Água e Esgoto de Montes Claros, Caemc, até que os serviços acabaram encampados pela Copasa. O local é sugestivo da imagem bucólica de M. Claros, com o murmúrio das águas em tratamento cortejando o verde dos jardins e a capelinha. Ali, no outeiro hoje central, pelas noites enluaradas vinham seresteiros, enamorados, boêmios, líricos (e líricas) usufruir do mirante natural. Os bardos João Chaves e Luiz de Paula Ferreira, entre outros, compuseram poesia e música específicas para a Igrejinha que é o cartão postal de M. Claros, o seu símbolo. Agora, é promessa da Copasa recuperar os jardins e instalações, fazendo da esplanada suspensa o paradigma dos seus serviços em M. Claros. O natural terraço da cidade, à medida que merecer melhor iluminação e demais cuidados (como coreto para apresentações de boa música, por exemplo), será crescentemente admirado pelas novas gerações - e poderá sempre ser contemplado de qualquer local, posto que está no centro geográfico urbano e é visto a quilômetros. Ergue-se 100 metros acima da topografia média do terreno - onde flutua, em noites mágicas, a Igrejinha que o ministro Francisco Sá, grande orador, chamou de ´atalaia avançada dos povoados cristãos´. A requalificação do local pela Copasa, com o afastamento dos horrendos cilindros de substância tóxica que ficam a 3 metros da rua, devolverá aos jardins, à Igrejinha e ao próprio luar - que visita a cidade em primeiro lugar ali - o miradouro real, e da memória, que Montes Claros e sua história merecem. O menino Darcy Ribeiro agradecerá. O seresteiro João Chaves voltará com suas músicas. Luiz de Paula cantará: ´ E os Morrinhos, com sua capelinha, onde minha mãezinha rezava orações. E onde a noite teus poetas cantores...falavam de amores ... em ternas canções....´ Todos aplaudirão.

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