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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 29 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: Português de cá e de lá Wanderlino Arruda Mais para o lado do curioso que do científico, é sempre interessante verificar as diferenças existentes na língua portuguesa nos espaços ocupados por Brasil e Portugal, duas culturas numa só cultura e uma só origem: a lusitana. Juntos na época colonial e quase sempre juntos depois da independência, as duas literaturas, os noticiários de jornais, e mesmo as migrações conjuntas jamais conseguiram impor uma escolha linguística de modo a tornar comum muitas palavras e seus significados. Uma só usada lá, outras só pronunciadas aqui, algumas lá e cá, mas nem sempre com os mesmos sentidos. E, partindo para os dialetos, principalmente os portugueses (beirão, algarvio, interaminenho, transmontano, lisboeta) é aí, que a coisa pega, muito difícil pra nós brasileiros. Veja alguns exemplos colhidos em Portugal, nos hotéis, no comércio, nos cafés e restaurantes, no dia-a-dia das ruas e lindas praças de Lisboa, Porto e Coimbra. Também em Almada, em Santarém, na Serra da Estrela ou em Mangualde, terra de quase todos os nossos portugueses de Montes Claros. Não vá pensar que é brincadeira. É tudo verdade, pois fala é coisa séria, mesmo que seja divertida. Por exemplo: Pomar, em Portugal, é loja onde se vende frutas; puto é criança abandonada, rebuçado é bala doce; revisor, chefe-de-trem; sobrescrito, envelope; talho, açougue; traseira, fundo de casa; travão, freio de carro; miúdo é criança; folhetim é novela; recheio, móveis domésticos; anginas, dor de garganta; vendedor de carne, dono de açougue, é carniceiro. Mais ainda: alcatifa é carpete; soco é tamanco; sinaleiro, guarda de trânsito; tasca, botequim. De cá para lá, trânsito é viação; maquiadora é visagista; vitrine e montra; fogo é lume; bolsa é mala; mocotó é mão-de-vaca. Quando tomamos um táxi em Portugal o motorista, na hora de cobrar a conta, olha no relógio, que é o nome do taxímetro. Numa sorveteria ou geladeria, compramos gelado (picolé) e neve (sorvete). Num talho (açougue), pede-se lombo, que é o nome de filé. Num bar, pedimos gasosa (refrigerante), água de quinino (tônica), bagaceira (cachaça). Numa charutaria compra-se havano (charuto), iluminador (isqueiro). Num jogo de futebol (ludopédio, não, ludopédio é palavra brasileira!), podemos ver e admirar o relvado (grama), o esférico (bola), o guarda redes (goleiro); os avançados (atacantes), os castigos (pênaltis), as camisolas (camisas de malha). Ganhará a equipe que fizer mais golos. Num hotel, o pernoite é dormida e o banheiro é lavabo. Na escola, o professor escreve na ardósia. Na rua ou em casa, jovem séria é rapariga (feminino de rapaz) e pejorativa é o nome moça (que quer dizer desvirginada). Em alguns lugares, rapaz é chamado de senhorito, e se for pobre, é galego. Há muitas palavras comuns usadas em Portugal e no Brasil, dependendo da região: reclamo/propaganda, sumo/suco, vivenda/casa, pimenta preta/pimenta do reino, comboio/trem-de-ferro, condiscípulo/colega de escola. Constipação é resfriado, frigorífico é geladeira, arca congeladora é frízer. Mas já imaginou isopor chamar esferobite? Marcha à ré, marcha-a-trás? Lá o gordo e o magro são chamados de o bucha e o estica e os três patetas, de os três estarolas. Pai natal é papai Noel. O mais gozado, porém, é o nome recém-casados: casados de fresco. Eis uma pequena estória: ´Um ciclomotorista (motoqueiro) vai à esquadra (delegacia) pede uma chapa de matrícula (placa) para a sua motorizada (moto) e depois, voa pelo alcatrão (corre em velocidade pelo asfalto). Ora pois, pois! Institutos Históricos e Geográficos de Minas Gerais e de Montes Claros

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