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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: Júri condena fazendeiro e inocenta filho por morte de bailarino em Montes Claros - Pai foi sentenciado a 14 anos de prisão, mas poderá recorrer em liberdade. Promotoria havia pedido a absolvição do filho por falta de provas concretas da participação dele no crime - João Henrique do Vale - O zootecnista Ricardo Athayde Vasconcellos foi condenado a 14 anos de prisão pela morte do bailarino Igor Leonardo Xavier, em Montes Claros, no Norte de Minas Gerais. O filho dele, Diego Rodrigues Athayde, que também era julgado pelo crime, foi absolvido pelo júri. O julgamento, considerado histórico por ser um dos primeiros de um caso com motivação homofóbica, aconteceu onze anos após o crime. A sentença foi anunciada por volta das 20h15 pelo juiz Glauco Eduardo Soares Fernandes. Ricardo Athayde foi condenado a 15 anos de prisão. Porém, ganhou a atenuante por ser réu confesso do crime. Por ter ficado o processo todo em liberdade, a Justiça garantiu o direito do zootecnista responder a sentença fora da cadeia. O advogado Maurício Campos Júnior, ex-secretário da Secretaria de Defesa Social, que defende os acusados, já adiantou que vai recorrer da decisão por achar que a pena foi alta. Já o advogado Ernesto Queiroz de Freitas, assistente de acusação, diz que vai estudar a possibilidade de recurso. O promotor Gustavo Fantini, responsável pela acusação de pai e filho, pediu aos jurados para absolverem Diego. O representante do Ministério Público alegou que não havia no processo provas concretas da participação do rapaz no assassinato do bailarino. No entanto, chegou a afirmar que Diego e Igor mantinham um relacionamento amoroso, o que provocou protesto por parte da defesa. Ao depor, Ricardo admitiu que os tiros que mataram o bailarino foram disparados por ele. Porém, disse que os primeiros disparos foram acidentais. Ele revelou que flagrou Igor assediando o filho, que na época tinha 18 anos, se armou com revólver e tropeçou no tapete, atirando acidentalmente. Igor não foi atingido, segundo ele, mas teve início uma luta corporal durante a qual ele foi baleado. Pela manhã, no começo do júri, todas as testemunhas foram dispensadas e o interrogatório de pai e filho começou imediatamente. Diego manteve a versão apresentada pelo pai e se recusou a responder as perguntas do assistente de acusação. Respondeu, com frases curtas e objetivas, os questionamentos feitos pelo juiz, promotor e jurados. Acusação x Defesa O debate entre o promotor e o advogado Maurício Campos, que defende os acusados, teve início no começo da tarde. Gustavo Fantini foi categórico ao afirmar que, conforme depoimentos de testemunhas, Igor e Diego já se conheciam e mantiveram um relacionamento amoroso. Na versão dos acusados, vítima e réus se conheceram horas antes do crime em um bar de Montes Claros. A defesa, por sua vez, disse que o promotor tentou desmoralizar o acusado. Ele afirmou que Igor foi morto porque assediou Diego e enfatizou que isso não pode ser considerado um motivo fútil para o assassinato, uma vez a atitude de Ricardo ao ver o filho ser molestado reflete o valor moral de toda a sociedade. (...) O Tempo - Fazendeiro acusado de matar o bailarino Igor Xavier é condenado a 14 anos de prisão - Ricardo Athayde Vasconcelos poderá recorrer em liberdade; o filho dele foi absolvido. Bruna Carmona, Jhonny Cazetta e Lucas Simões. O zootecnista Ricardo Athayde Vasconcelos, 58, foi condenado, na noite desta terça-feira, a 14 anos de prisão pelo homicídio duplamente qualificado – motivo fútil e sem chance de defesa da vítima – do ator, coreógrafo e bailarino Igor Leonardo Xavier, 29, em março de 2002, em Montes Claros, na região Norte de Minas. Como já respondia em liberdade, ele poderá permanecer solto. Seu filho, o bacharel em direito Diego Rodrigues Athayde, 29, foi absolvido, como pediu a promotoria durante o julgamento, na capital. Durante a tarde, o caso sofreu uma reviravolta depois que o promotor Gustavo Fantini declarou que a motivação do crime pode ter sido passional e que Vasconcelos teria um relacionamento com o bailarino. “Não se pode afirmar se ele cometeu o crime por ciúmes ou para tentar esconder a história que eles tinham”, disse o promotor, ressaltando que o homicídio aconteceu por motivo fútil, e não por questões morais. A declaração causou surpresa porque o assassinato era, até então, tratado como o primeiro do país em que o réu admitiu que a motivação era a homofobia. O defensor de Vasconcelos, o advogado Maurício Campos, negou a relação entre os dois e também que o crime tenha sido motivado pela orientação sexual da vítima, o que daria a conotação de motivo fútil. Segundo ele, o zootecnista deu vários disparos no bailarino após flagrá-lo apalpando as partes íntimas de seu filho, na época com 18 anos. O advogado pediu, em mais de uma ocasião, que os jurados refletissem se o assédio sexual a um filho pode ser considerado um motivo fútil, em uma tentativa de diminuir a pena para o crime. Vasconcelos se separou da mulher há três anos e tem um outro filho. Apesar de ter dito alimentar um “horror a homossexuais” durante o inquérito, ele não foi questionado sobre o tema em plenário, já que formalmente respondia por homicídio, sem menção a homofobia. Ele também não foi perguntado se é homossexual. No depoimento, manteve a tese da defesa do filho. “Aquela cena me deixou atordoado. Peguei as duas armas e tropecei quando fui em direção a ele (Igor), aí houve o primeiro disparo acidental. Chegamos a cair no chão e entrar em luta corporal, e aí vieram os outros tiros”. A mãe da vítima, Marlene Xavier, disse que aguardava por essa condenação há muito tempo e que se sente aliviada com a decisão. ´Eu confio na Justiça. Esse é apenas um primeiro passo contra a homofobia. Espero que isso seja levado como uma bandeira em outras casos como este´ Educado e obediente O julgamento começou com quase duas horas de atraso, devido à chegada de 12 testemunhas, que acabaram dispensadas de seus depoimentos. Questionado pelo juiz sobre por que não se desvencilhou do bailarino quando teria sido apalpado, Diego alegou que tentou manter a educação. Sobre sua participação na limpeza do sangue da cena do crime, Diego disparou: “Eu me considerava uma criança na época. Como filho, obedeci quando meu pai pediu para eu limpar o sangue da casa”, argumentou.

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