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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 20 de setembro de 2024
 

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Mensagem: A TRANSFORMAÇÃO DE MONTES CLAROS

JOSÉ PRATES

Eu posso dizer com convicção que não conheço a Montes Claros de hoje, nem sei quais os costumes adotados agora, pela sociedade local. Conheci e ainda tenho na lembrança, a Montes Claros que me recebeu, ainda, na adolescência e em que vivi parte de minha vida; onde recebi como esposa uma montesclarense ou montesclarina, constituindo uma família abrigada num lar tipicamente montesclarense onde nasceram os nossos filhos. Não era essa cidade que ai, está. Era outra. Uma cidade grande porque nunca foi pequena. Já nasceu grande. Ainda arraial, era líder no comércio regional. Foi crescendo com a chegada de mais e mais gente que procurava emprego e negócio e não demorou muito, foi elevada a vila em outubro de 1831. A fama foi correndo atravessando territórios até chegar muito longe, atraindo muita gente. Ai, então, ninguém segurou mais. O tempo foi passando, mais pessoas foram chegando e a importância do lugar aumentando até tornar-se o centro comercial da região, o que lhe fez elevar-se à cidade em 1857. Não parou não. Entrou no século vinte com mais vontade de crescer e o esforço de Francisco Sá, filho da região, então Ministro da Viação e Obras Públicas, trouxe a estrada de ferro em 1926, final do Governo de Arthur Bernardes. A facilidade e rapidez do transporte ferroviário atraiu o migrante nordestino com destino a São Paulo. Até então, São Paulo, pela grande distancia, era o fim do mundo para o nordestino. Embora o considerassem o eldorado, poucos arriscavam-se a alcança-lo pela falta de transportes. Quem se dispunha a fazê-lo, antes de partir, confessava e comungava se despedindo da família e dos amigos como se fosse para outro mundo.
Com a estrada de ferro funcionando, o movimento foi sempre aumentando, o comércio foi crescendo, fazendo nascer uma grande rede de lojas de tecidos, de ferragens, de louças e, também, farmácias. Aos poucos, outras melhorias foram chegando e não demorou a cidade ser muito bem servido por uma rede bancária eficiente; eletrodomésticos, vestuários, etc. Industria, praticamente, não existia. Na educação, sempre foi referencia. Ginásios, colégios e Escolas Normal não faltavam, estavam à disposição da juventude não só montesclarense, mas, também, dos arredores. Na área de informação, tinha dois jornais com repórteres de rua publicando reportagens e uma emissora de rádio. Com tudo isto, era uma cidade tranqüila habitada por gente tranqüila. A insegurança que já existia nas grandes cidades, em Montes Claros era, apenas, notícia. Era uma cidade alegre numa terra pacifica. Era a cidade gostosa com jeito sertanejo. Transitar pelas ruas, sozinho, a qualquer hora do dia ou da noite, não havia qualquer problema, nem qualquer perigo. Era costume social o cumprimento quando as pessoas cruzavam-se nas ruas. Às vezes, até paravam para um abraço. Era essa a Montes Claros que nos adotou como filho, nos preparando para a vida; foi nessa Montes Claros tranqüila, sertaneja humilde, que nasceram meus filhos. Hoje é uma metrópole conhecid no país inteiro, mas, perdeu aquela beleza da inocência sertaneja, perdeu a poesia do sertão para envolver-se de corpe e alma na economia que lhe transformou. Com tudo isto, nós nos orgulhamos de seu progresso e dizemos sempre com prazer que somos monteslarenses

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)

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