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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 29 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Quando o gigante desaba Manoel Hygino - Jornal Hoje em Dia Antes que virasse a folha do calendário para 2014, o jornalista e conterrâneo Paulo Narciso, vencedor do Prêmio Esso mais de uma vez, me enviou uma notícia. Depois de 24 anos, voltara à casa de Ernest Hemingway, na belíssima Key West, onde escreveu seus mais importantes livros, entre 31 e 40 anos. “Para se chegar lá, dirige-se por 250 quilômetros pela mais simpática estrada que conheço, tendo ao lado da pista as águas do Golfo do México, à direita, e do Atlântico Norte, do outro lado”. É uma bela casa, hoje museu, mantida como se o escritor tivesse saído para ir ao bar. Vê-se que o jornalista insiste em causar-me inveja: a encantadora viagem, o mar, a residência do notável escritor, um dos maiores do século passado, homem que amava a aventura. Vargas Llosa o viu, uma única vez, descendo uma via em Madri, de braços dados com a deslumbrante Ava Gardner. “Parecia seu próprio mito: grande, forte, vital, ávido e feliz”. Mas não era exatamente mais assim: “por baixo dessa aparência de triunfador, já havia começado a irremissível decadência do titã, a intelectual e a física, essa desintegração que o iria empurrando nos anos seguintes para o tiro de Idaho”. Hemingway se matou em 2 de julho de 1961, em Ketchum, Idaho, com um tiro de fuzil de caça. Tinha 62 anos. Filho de um médico da zona rural de Oak Park, Ililinois, cresceu em contato com um ambiente pobre e rude, acompanhando o trabalho do pai. Repórter, alistou-se no exército italiano em 1916, sendo gravemente ferido na frente de batalha da primeira guerra mundial. Seguiu escrevendo; “O sol também se levanta”, 1916, e “Adeus às Armas”, sobre sua experiência militar, editado em 1929. A prosa de Hemingway foi modelada segundo uma espécie de ética física de coragem e do controle necessário nos momentos em que atinge o limite da resistência. A . Alvarez, estudioso inglês de tantos casos de autoextermínio, analisou o escritor americano. Concluiu sobre sua decisão: “As erosões naturais da idade – a fraqueza, a insegurança, a falta de jeito, a imprecisão e o declínio generalizado daquilo que um dia foi uma máquina extremamente apurada – teriam parecido tão insuportáveis quanto perder a capacidade de escrever. No fim, Hemingway acabou seguindo o exemplo do pai e se matou com um tiro”. O gigante não resistiu no peso e simplesmente desabou. Sobraram sua obra e a casa-museu de Key West.

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