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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 28 de novembro de 2024
 

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Mensagem: O Observatório Sismológico da Universidade de Brasília divulgou - anteontem, 27 de abril - o relatório sobre os tremores deste mês de abril de 2014 em Montes Claros. Leia logo abaixo a conclusão. Para ler o relatório completo, basta clicar no link colocado ao final. Também é republicado o relatório do Observatório, de 11 de março de 2012. Toda a análise está disponível através do link que finaliza o texto. *** Relatório de 27 de abril de 2014: (...) Este relatório apresenta os resultados da visita feita a Montes Claros - MG, entre os dias 9 e 13 de abril de 2014, pela equipe da UnB, composta pelo Prof. Lucas Barros e os técnicos Diogo Farrapo e Daniel Linhares. Foram coletados dados das três estações, que operavam na área e instaladas mais duas novas estações, compondo uma rede sismográfica de cinco estações de banda larga. Não foi possível instalar as cinco novas estações pretendidas. Durante a visita tivemos uma participação intensa junto à mídia e aos órgãos de defesa civil, bem como à administração local, resultando no esclarecimento a respeito do fenômeno sísmico e na programação de ações futuras. Os dados gerados, exceto os da estação MC04, que teve problema operacional, foram analisados e podemos concluir preliminarmente que a sismicidade recente dos meses de janeiro a abril de 2014 resulta da ativação de um novo segmento da falha sismogênica de Montes Claros; onde ainda não havia sido observada sismicidade. Como mostram as figuras 7, 8 e 9, os círculos amarelos estão migrando para noroeste, em direção oposta à cidade, i.é, se distanciando. Em contrapartida, estão mostrando que a falha ativa tem uma dimensão maior do que aquela previamente determinada a partir da sismicidade de 2011-2013. Duas coisas podem ser pensadas: 1. Os sismos, ao se distanciarem da cidade, terão os seus efeitos reduzidos, i.é, causarão menor intensidade na cidade. 2.Esse distanciamento implica maior dimensão da falha, que poderia ter potencial para gerar um sismo ligeiramente maior que o de maior magnitude já observada. No entanto, existem casos, inclusive no Brasil, em que falha muito extensa, resultante de migração sísmica e com potencial para gerar sismo de alta magnitude, nunca se mobilizou em sua totalidade. Este é o caso da falha de Samambaia em João Câmara no Rio Grande do Norte.

*** Relatório do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília, de 11 de março de 2013: Discussão e conclusões preliminares Os tremores mais fortes de Montes Claros estão ocorrendo em uma pequena falha geológica de orientação aproximada NNW‐SSE e dimensão de 1 a 2 km. Estudos preliminares (Anexo A4) mostram que a movimentação nesta falha se dá por compressão da crosta na direção aproximada E‐W ou NE‐SE. Este tipo de falhamento (falha inversa) é comum nesta parte do Brasil (Assumpção, 1998; Chimpliganond et al., 2010). Estas tensões geológicas compressivas são as mesmas que causaram os tremores de Manga (1990) e Caraíbas/ Itacarambi (2007). Estas tensões geológicas são também compatíveis com as que causaram o sismo de Brasília de novembro/2000 (magnitude 4.2). Assim, os tremores de Montes Claros devem ser resultado de “pressões” geológicas que atuam em uma ampla região do Brasil e não é necessário que haja uma razão específica local em Montes Claros para explicá‐los. O foco dos tremores está entre 1 e 2 km de profundidade, bem abaixo da profundidade máxima esperada da camada de calcário na área de Montes Claros. Não há, portanto, nenhuma evidência de relação direta entre os tremores e a exploração nas pedreiras do município. Embora a orientação da falha esteja relativamente bem determinada (dentro de uma margem de erro de +‐ 20O), há uma margem de erro da ordem de +‐ 500m na localização do conjunto dos tremores. As profundidades também têm incertezas desta mesma ordem. Ainda pretendemos realizar estudos mais detalhados em Montes Claros, com apoio das mineradoras, para aprimorar o modelo de velocidades e ter mais precisão na orientação da falha geológica e na posição dos focos dos tremores. Há também um outro foco de atividade, mais fraco, próximo à pedreira Sobritas (Fig. 3) que ainda precisa de estudos mais detalhados. Recomendações Não é possível prever como a atividade sísmica vai evoluir. Não há estudos capazes de auxiliar na “previsão” de tremores. Esta dificuldade faz parte da natureza e não resulta de falta de equipamento ou insuficiência de maiores estudos geológicos, geofísicos ou sismológicos. Diante desta incerteza, só é possível comparar com as dezenas de outros casos já ocorridos no Brasil. Uma análise estatística de todos os casos de tremores no Brasil mostra que, quando há um tremor de magnitude 4, há uma probabilidade entre 15 e 22% de que ocorra outro tremor maior durante os 12 meses seguintes ao primeiro tremor (Fig. 9a). Neste poucos casos em que tremores maiores voltam a ocorrer, a maior parte ocorre nas primeiras semanas e a chance de ocorrência cai exponencialmente com o tempo (Fig. 9b). Considerando que o tremor maior de Montes Claros ocorreu 10 meses atrás, pode‐se estimar a chance de ocorrência de um tremor mais forte como sendo perto de 1%. Deve‐se lembrar que este é o comportamento médio observado na sismicidade do Brasil. Cada caso é particular e pode não seguir este padrão médio. Mesmo com pequena possibilidade de ocorrência de um outro tremor maior, as vibrações no solo poderiam atingir acelerações de até 15% de g, como mostrado na Fig. 7. Por este motivo, recomenda‐se que as casas frágeis (afetadas pelo tremor de 19/05) sejam reforçadas, assim como outras construções críticas próximas à área epicentral, como escolas e hospitais. Telhados com telhas apenas assentadas mas não presas, em casas sem forro, são especialmente vulneráveis. Um estudo envolvendo as comunidades técnicas (engenharia civil e defesa civil) e científica (sismólogos e geólogos) seria desejável.

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